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As vertigens

As vertigens

São sensações da falta de equilíbrio, de quando perdemos o chão ou de quando vemos as referências visuais se “movimentando” ao nosso redor.

As vertigens exprimem a nossa necessidade de domínio do espaço à nossa volta e a busca de pontos de referência precisos, definidos e estáveis. É por essa razão que atingem principalmente as pessoas ansiosas ou pretensamente “desprendidas”.

Uma das ferramentas essenciais para o equilíbrio no corpo é a orelha, particularmente com aquele “tipo de areia” que fica no interior do ouvido interno, cuja posição e cujos movimentos participam enormemente da nossa estabilidade física. Ora, a orelha, que pertence ao Princípio da Água, representa justamente as nossas referências fundamentais. O medo de não conseguir controlar o que pode acontecer, o espaço à nossa volta, pode se traduzir por vertigens mais acentuadas ou não, sejam elas diretas (vertigem em lugares altos) ou indiretas (situações particulares que provocam essas vertigens).

É o caso clássico das vertigens sentidas durante os jogos das festas de rua, ou quando se pratica desportos nos quais as nossas referências espaciais são perturbadas, e o aikido, em particular, me vem à mente.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As doenças autoimunes

Sistema Imunológico

As doenças autoimunes

São afeções nas quais o organismo mistura vários processos, pois fazem questão da alergia, da inflamação e da dinâmica cancerosa. São doenças de defesa nas quais o organismo não reconhece mais suas próprias células e se põe a combatê-las e a destruí-las como se fossem agentes exteriores e perigosos. Por exemplo, a poliartrite de evolução crónica é degenerativa, no sentido em que ela não respeita mais as leis naturais de reconhecimento orgânico.

Essas afeções nos falam da nossa incapacidade para nos reconhecer, para nos ver ou nos aceitar tal qual o somos. Essa dificuldade para identificar o que somos é muitas vezes agravada pela busca de “responsabilidades exteriores”. Estamos em fase de luta contra o mundo que não nos compreende, que não nos reconhece, não nos ama, enquanto se trata, na realidade, de um problema nosso. Só discutimos a vida de forma maniqueísta, e as coisas não existem só em função do bem ou do mal, e as situações não são vividas somente em termos de certo ou errado. Essa estratégia conflituosa permanente e de defesa compulsiva nos leva-nos à  nossa destruição acreditando que estamos destruindo o mundo para nos defender e não para prejudicar.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As inflamações e as febres

As inflamações e as febres

O fogo está em nós e deve fazer valer o seu duplo papel: queimar e purificar, alertar e limpar, produzir calor e destruir. Tendinites, febres e outras inflamações estão aí para nos dizer que há fogo dentro de nós, que há superaquecimento, uso excessivo ou inadequado da parte do corpo em questão. Mas, assim como para as alergias, o organismo está ativo e procura alertar, limpar, purificar a zona atingida através do fogo que desencadeia. A significação da inflamação está sempre associada à do lugar onde ela se produz.

Vou citar aqui o exemplo da Laurence que me veio consultar por causa de uma tendinite no cotovelo direito. Essa inflamação lhe demonstrava a sua dificuldade para aceitar que sua filha havia crescido e não se comportava mais como ela, sua mãe, gostaria. No entanto, ela insistia e mantinha um ataque ostensivo inconsciente para o lado da sua filha, que “não entendia nada” e continuava a levar a sua vida como desejava. A aceitação dessa constatação fez com que a tendinite no cotovelo cessasse rapidamente.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As alergias

As alergias

As alergias

Elas são reações de defesa excessivas do organismo perante um “agente” exterior, normalmente banal, sem nenhum risco particular, mas que é considerado um agressor, um inimigo. Pó, pólen, ácaros, perfume, fruta etc., são muitos os adversários “imaginários” contra os quais o organismo reage violentamente para destruí-los ou expulsá-los.

A febre do feno, as alergias cutâneas, digestivas ou respiratórias falam-nos das nossas dificuldades para gerar o mundo exterior, que é recebido como perigoso ou agressivo. Estamos na fase da defesa, dos agredidos, das vítimas mas também da Joana D’Arc. Nós ficamos reativos perante os outros e o nosso primeiro reflexo, não importa o que aconteça, é uma atitude defensiva forte e mesmo reativa, às vezes. Estamos ativos e decididos a nos defender a qualquer preço. É por essa razão que os “alérgicos” quase nunca desenvolvem cancro.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

A garganta e os seus males

A garganta e os seus males

A garganta é a parte do corpo pela qual passam dois “condutores” de alimentação, que são o esófago (alimentação material) e a traqueia (ar). Também é o lugar onde se situam as cordas vocais e as amígdalas. Na parte da frente da garganta, na cavidade laríngea, encontra-se uma glândula fundamental, a tiróide.

Antes de tudo, a garganta é o lugar pelo qual engolimos, ou melhor, deglutimos o que engolimos. Um sistema reflexo muito elaborado nos permite selecionar o tipo de alimento sólido e o ar, e dirigi-los até o recetáculo adequado, estômago ou pulmão. Quando esse ajuste não funciona corretamente, ou nós nos sufocamos, ou então provocamos a aerofagia. Com as cordas vocais, a garganta é o vetor e o suporte da expressão oral. A fala – as palavras ou os gritos – depende dela. Logo, ela é afinal a porta, ou melhor, a alfândega que filtra e seleciona as entradas e as saídas. Quanto à tiróide, trata-se da glândula principal, se pudermos dizer assim, da qual depende o equilíbrio do crescimento e de todo o metabolismo humano, assim como o desenvolvimento do nosso corpo físico (crescimento, peso).

No que diz respeito à energética, a garganta é a sede do Chacra, dito “da garganta”. Esse centro energético é o da expressão do eu, da maneira como nós nos posicionamos em relação ao mundo exterior. Ele representa a nossa capacidade para reconhecer e para exprimir o que somos e para receber aquilo que pode nos enriquecer, nos alimentar, nos fazer crescer. Enfim, é a sede do nosso potencial de expressão da criatividade.

Os males da garganta são aqueles da expressão “O que eu tenho atravessado na garganta”, ou da aceitação “O que eu não consigo engolir”. Perda de voz, angina, não engolir corretamente, aerofagia são sinais da nossa dificuldade para exprimir o que pensamos ou sentimos, muitas vezes por medo das consequências dessa expressão. Nós preferimos então deixar as coisas “na alfândega”. Esses males são, por extensão, as marcas de uma falta de expressão do nosso eu, aquilo que somos, das suas qualidades ou fragilidades: “O que é que eu não consigo passar, dizer?” O hipertiroidismo (Yang) ou o hipotiroidismo (Yin),por exemplo, se traduzem muitas vezes por sinais de uma impossibilidade para dizer ou para fazer o que gostaríamos.

Ninguém pode nos compreender, não temos os meios para “passar” o que acreditamos, temos medo da não-aceitação, por parte do outro, em relação ao que queremos dizer, temos medo da força ou violência resultantes. Por trás dessa não expressão, há sempre uma noção de risco, de perigo, que nos faz parar, reter a expressão. A forma Yang manifesta um desejo de vingança, apesar de tudo, enquanto a forma Yin exprime um abandono face à impossibilidade de se exprimir.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul