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Estaremos a consumir magnésio suficiente?

magnésio suficiente

Excerto do estudo “Magnesium: Are We Consuming Enough?

A deficiência de magnésio é geralmente o resultado de um consumo reduzido ou absorção inadequada e / ou aumento da excreção do organismo. Uma ampla gama de doenças humanas, incluindo doenças cardiovasculares e metabólicas, distúrbios esqueléticos, doenças respiratórias e anomalias neurológicas (stress, depressão e ansiedade) estão ligadas à inadequação de magnésio. O magnésio é um constituinte importante dos ossos e desempenha um papel vital na mineralização óssea, em parte por influenciar a síntese de metabólitos ativos da vitamina D, que apoiam a absorção intestinal de cálcio e fosfato. Estudos demonstraram que o risco de mortalidade associado à hipovitaminose D poderia ser reduzido pelo consumo de magnésio. De acordo com os dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição (NHANES), maior consumo de magnésio reduziu o risco de deficiência e / ou insuficiência de vitamina D na população em geral. Assim, a suplementação de vitamina D pode ser reduzida consumindo uma quantidade adequada de magnésio, pois o magnésio ajuda na ativação ou estimulação da vitamina D endógena já presente no organismo para exercer suas funções. Isso é benéfico para indivíduos dependentes de suplementos exógenos de vitamina D, pois nem sempre eles são isentos de riscos, principalmente quando consumidos em doses mais altas ou usados ​​por períodos prolongados. De importância clínica, alguns sintomas do consumo excessivo de vitamina D são semelhantes à deficiência de magnésio. Espasmos e cãibras musculares geralmente estão relacionados a altos níveis de cálcio em relação aos níveis de magnésio e, nessas situações, a dose da dose de suplemento de vitamina D pode precisar ser reajustada.

(…)

Além disso, o nível ideal de magnésio é essencial para as funções cardíacas normais, estabilizando o ritmo cardíaco. Este nutriente também desempenha um papel na prevenção da coagulação cardiovascular anormal. Acredita-se que o magnésio contribua para a manutenção da pressão arterial. Numa metanálise com 20.119 casos de hipertensão, foi encontrada uma associação inversa entre a captação de magnésio na dieta e a hipertensão. Essa associação foi observada entre indivíduos que consomem um alto nível de magnésio (> 300 mg), consumindo assim um baixo nível de magnésio (<200 mg). Indivíduos que tomam medicamentos devem consultar seu médico para garantir que o medicamento não esteja causando desperdício de magnésio, pois muitos medicamentos para pressão alta ou diuréticos podem aumentar a remoção de magnésio do corpo.

Estudos descobriram que o magnésio é eficaz na redução da taxa de ataques cardíacos e derrames cerebrovasculares. Uma meta-análise de 532.979 indivíduos revelou uma associação inversa entre a absorção de magnésio na dieta e o risco de eventos cardiovasculares (doença cardíaca coronária, acidente vascular cerebral). De particular importância clínica, a maior redução de risco ocorreu quando a ingestão de magnésio aumentou de 150 mg para 400 mg.

(…)

A deficiência de magnésio pode induzir uma ampla gama de complicações clínicas, incluindo espasmos musculares dolorosos, fibromialgia, arritmia, osteoporose e enxaquecas. Uma metanálise de ensaios clínicos aleatórios com pacientes com enxaqueca que receberam magnésio intravenoso (948 participantes) ou magnésio oral (789 participantes) resultou em ataques agudos de enxaqueca reduzidos e com menor frequência e intensidade de enxaqueca. O magnésio consumido por via oral é parcialmente absorvido no intestino (principalmente no intestino delgado) e armazenado no osso como um mineral. O magnésio excessivo é geralmente excretado pelos rins.

Fonte: Razzaque, M. S. (2 de Dezembro de 2018). Magnesium: Are We Consuming Enough?

Doenças obstétricas e Hipomagnesemia

Doenças obstétricas e Hipomagnesemia

Doenças obstétricas

 

O magnésio tem um papel estabilizador do potencial da membrana ao nível da fibra muscular do útero grávido porque permite o armazenamento do potássio no interior da fibra muscular. Os estados de hipomagnesemia desenvolvem hiperexcitabilidade miofibrilar gerando hipertonia uterina.

Quando a hipomagnesemia aparece na grávida, as contracções dolorosas do útero podem surgir (as contracções que se dão ao longo de toda a gravidez são normalmente indolores). A acção miorelaxante do magnésio pode prevenir a ameaça de parto prematuro. Por outro lado, um déficite de magnésio pode trazer problemas de dilatação durante o parto.

O aborto espontâneo de repetição experimental está relacionado com a carência de magnésio. Balasz, num grande estudo epidemiológico demonstrou o efeito preventivo da administração de magnésio nos abortos de repetição.

Também as cólicas do pós-parto são mais intensas e mais frequentes em caso de hipomagnesemia.

Tudo isto põe em evidência a importância do magnésio antes, durante o trabalho de parto e nas 48 horas seguintes.

 

Fonte: DOMINGUES, Maria Madalena Rodrigues Antanoa. Magnésio. Universidade do Porto. Licenciatura em Ciências da Nutrição,1991. 36 p.

 

 

 

Hipomagnesemia

 

Hipomagnesemia

Por: Dr. José de Felippe Junior 

Deficiência de Magnésio no Organismo

(magnésio inferior a 1,4mEq/I)

A determinação sérica do magnésio não se correlaciona com a reserva corporal total do elemento, podendo ocorrer hipomagnesemia, quando o conteúdo celular do cátion é normal, ou depleção celular sem a queda dos valores séricos. Se o quadro clínico for sugestivo do distúrbio e o valor do magnésio no soro normal, necessitamos da medida do conteúdo eritrocitário e a excreção urinária de 24h do elemento.

As causas e os mecanismos de produção da hipomagnesemia são mostrados no Quadro 3.

Na cetoacidose diabética, grandes quantidades de magnésio são perdidas na urina na fase de poliúria e acidose. A concentração do Mg ++ segue habitualmente o mesmo padrão do K +: encontra-se usualmente elevada antes do tratamento (pode chegar a 9,3 mEq/I) e cai rapidamente durante a insulino-terapia e hidratação (pode chegar a níveis de até 0,5mEq/I).

No alcoolismo é frequente o aparecimento de hipomagnesemia, na presença ou ausência de cirrose ou delirium tremens. O álcool favorece a excreção renal de magnésio, são frequentes as perdas gastrintestinais por vômitos e diarréia e alguns alcoólatras apresentam perda renal e intestinal do elemento pelo hiperaldosteronismo secundário (cirrose).

Quando um paciente toma diuréticos, costumamos prescrever suplementos de K +, porém nos esquecemos do Mg ++. Muitas arritmias induzidas pelo digitálico e com K + sérico normal são provocadas pelo déficit de Mg ++.

No hiperparatireoidismo e na moléstia osteolítica maligna, encontramos a associação de hipercalcemia e hipomagnesemia. Alguns destes pacientes apresentam reflexos hiperativos, tremores e convulsões, que são abolidas com a administração do sulfato de magnésio.

Manifestações clínicas. A sintomatologia costuma aparecer com concentrações séricas inferiores a 1mEq/I, porém muitos pacientes são assintomáticos mesmo nesses níveis tão baixos.

A hipomagnesemia leva à hiperexcitabilidade neuromuscular, às vezes acompanhada de distúrbios do comportamento. Digno de nota é o aparecimento de tetania clinicamente impossível de distinguir daquela causada pela hipocalcemia, exceto que ela somente reverte ao normal com a administração de magnésio. É também frequente o aparecimento de convulsões generalizadas ou focais, ataxia, vertigem, fraqueza muscular, tremores, depressão, irritabilidade e comportamento psicótico. Todos esses distúrbios são revertidos com a administração do elemento em falta. Os sinais e sintomas da hipomagnesemia são mostrados no Quadro 4.
A depleção de magnésio aumenta a perda renal de potássio, a enzima Na++-K+ -ATPase, a qual depende do magnésio, é inibida pelos digitálicos e a depleção de magnésio aumenta a concentração de digoxina no miocárdio. Assim, a hipomagnesemia e os digitálicos possuem efeitos aditivos, provocando a perda de potássio do músculo cardíaco e, como resultado, ela pode precipitar arritmias cardíacas, particularmente nos indivíduos digitalizados. Essas arritmias caracterizam-se pela refratariedade parcial ou total ao tratamento usual, respondendo, entretanto, à administração de magnésio.

Alguns autores não acreditam que a hipomagnesemia possa provocar arritmias no paciente digitalizado.

As alterações eletrocardiográficas, quais sejam, depressão do segmento ST com achatamento ou inversão da onda T, também são reversíveis com a administração do cátion.

A hipomagnesemia constitui-se em fator de risco para a aterosclerose e retinopatia diabética. Existem dados que suportam a hipótese de que a deficiência de magnésio está associada com a morte súbita na moléstia isquêmica do coração por produzir espasmo de coronária. A hipomagnesemia induz à supressão da glândula paratireóide, com consequente diminuição dos níveis circulantes de PTH.

 

Quadro 3 – Causas e mecanismos da hipomagnesemia
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A – Redistribuição compartimental

  • Glicose e aminoácidos intravenosos
  • Realimentação de desnutrido
  • Correção da acidose em insuficiência renal
  • Cetoacidose diabética tratada
  • Pancreatite aguda
  • Pós-paratireoidectomia

B – Perda gastrintestinal

  • Diarréia – Vômito
  • Sucção nasogástrica prolongada
  • Fístula biliar ou intestinal
  • Enterite regional
  • Síndrome de má absorção
  • Ressecção intestinal extensa

C – Perda Renal

  • Diuréticos
  • Diurese osmótica ou salina
  • Hiperaldosteronismo primário e secundário
  • Excesso de álcool etílico ou carboidrato
  • Hipopotassemia
  • Hipercalcemia
  • Hipertireoidismo
  • Nefropatia por aminoglicosídeos, glomerulonefrite, pielonefrite, hidronefrose, acidose tubular renal, nefropatia tubulointersticial familial com hipopotassemia
  • Transplante renal

D – Outras

  • Sudorese profusa
  • Queimadura extensa
  • Líquido de diálise sem magnésio
  • Lactação excessiva
  • Hiperparatireoidismo
  • Moléstia osteolítica malígna
  • Alcoolismo ( perda gastrintestinal, renal e desnutrição )

 

Quadro 4 – Sinais e sintomas da hipomagnesemia
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A – Sistema nervoso central

Confusão, irritabilidade, delírio, alucinações, psicose, rebaixamento do nível de consciência

B – Neuromuscular

Tetania (sinal de Chvostek, sinal de Trousseau, espasmo carpo-podal, convulsões generalizadas ou focais, hiperreflexia e clônus, fasciculação muscular, tremores, fraqueza muscular, dificuldade nos movimentos finos, insônia, nistagmo, ataxia, vertigem, disartria, movimentos musculares involuntários atetóides ou coreiformes de extremidades.

C – Cardíacos

Taquicardia sinusal ou nodal,extra-sístoles ventriculares ou atriais, precipitação de arritmias principalmente na presença de digitálico

Eletrocardiograma: depressão do segmento ST e achatamento ou inversão de onda T.

D – Gastrintestinais

Anorexia, vômitos, íleo paralítico, má absorção

E – Eletrolítico

Hipopotassemia, hipocalcemia

F – Outros

Incontinência urinária, púrpura _________________________________________________________________________

 
Fonte:

Dr. José de Felippe Junior 

Atenção: o sugerido é o Cloreto de Magnésio P.A. (para análise), em sais.

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