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tornozelo

O tornozelo

 

Ele é a terceira e última articulação maior, que gera a mobilidade entre o pé e o resto da perna. O tornozelo é a articulação da perna que lhe dá a sua fineza de mobilidade, particularmente quando o pé está parado, posicionado no solo, porém também quando está em movimento. É graças a ele que podemos “crescer” sobre os nossos apoios no solo (pés) para avançar melhor e mais rápido. É a outra extremidade da perna. O quadril representa a articulação básica das estruturas e das referências inconscientes da relação, enquanto o tornozelo representa a articulação final e exteriorizada, ou seja, as referências e suportes conscientes das nossas relações com o mundo. Ele representa a articulação das nossas posições, das nossas crenças reconhecidas e estabelecidas em relação aos outros e a nós mesmos. Ele é a “barreira dos nossos critérios quanto à vida” e simboliza, enfim, a projeção da nossa capacidade para “decidir”, para dar início às decisões e às mudanças (de posições, de critérios) na nossa vida e para nos envolvermos nas coisas. É a “porta da Implicação”  no sentido da decisão. A estabilidade e a mobilidade dos nossos apoios sobre o solo (que simboliza a realidade), assim como a flexibilidade e a desenvoltura deles, dependem dos nossos tornozelos. Eles vão ser, por conseguinte, a projeção fiel da estabilidade, da rigidez ou da flexibilidade das nossas posições e dos nossos critérios quanto à vida.

 

Os males dos tornozelos

As entorses, as dores e os traumatismos dos tornozelos vão falar-nos das nossas dificuldades quanto às relações na medida em que nos falta estabilidade ou flexibilidade no que diz respeito a elas. Eles demonstram que atravessamos uma fase na qual as nossas posições, os nossos critérios quanto à vida, a maneira como nós nos “colocamos” em relação ao outro não nos convêm, não nos satisfazem mais e nós encontramos dificuldade para mudá-las, para “agir”. Há falta de flexibilidade ou de desenvoltura, de estabilidade ou de “realismo” nessas posições. Nós nos obrigamos então a fazer uma paragem, pois não podemos mais continuar, avançar nessa direção. A posição que temos ou que mantemos não é boa e precisamos mudar de ponto de apoio, de critério – chamado de “objetivo” de referência, ou seja, de crença “exterior”, conscientemente admitida e reconhecida. As tensões e os sofrimentos nos tornozelos podem significar também que temos dificuldade para decidir alguma coisa, de tomar uma decisão importante na nossa e pela nossa Vida, provavelmente porque essa decisão possa colocar em questão uma posição atual que nos parece ser satisfatória.

Se a tensão estiver no nível do tornozelo direito, estará relacionada à dinâmica Yin (materna). Vou referir-me aqui a um cliente que se chama Peter. Ele tinha vindo se consultar a respeito de dores no tornozelo direito, no calcanhar de Aquiles direito. Praticante assíduo de jogging, isso o incomodava enormemente e lhe impedia mesmo, às vezes completamente, de se entregar ao seu relaxamento preferido. Ora, sua esposa era uma pessoa extremamente ansiosa e nervosa e criava, involuntariamente e sem más intenções, tensões emocionais fortes no seio de toda a família e, particularmente, com as suas duas filhas. Peter encontrava cada vez mais dificuldade para aceitar essa situação e não “sabia bem onde pisar”, que posição tomar em relação à sua esposa para que ela compreendesse e pudesse se acalmar. Paralelamente, também vivenciava tensões fortes na sua empresa. Estavam acontecendo reestruturações e ele não sabia que atitude adotar em relação às mudanças estruturais que iam se instalar. Os dois eixos mais importantes da dinâmica Yin, a mulher e a empresa, estavam então em questão, de uma maneira aberta, oficial e reconhecida.

Se for o tornozelo esquerdo, a tensão estará relacionada com a simbólica Yang (paterna). É o que aconteceu com Jacques ou então com Françoise, que haviam torcido o tornozelo esquerdo, um porque o seu superior na escala hierárquica, com idade avançada, não conseguia “passar o posto”, e porque ele não sabia como lhe dizer tal coisa; e a outra porque o seu filho se drogava, porque ela encontrava muita dificuldade para reconhecer esse fato e porque não sabia que atitude tomar diante dele e do mundo exterior.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

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