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A boca e os seus males

A boca e os seus males

A boca é que faz com que possamos sorrir e também nos exprimir. É a porta aberta entre o mundo exterior e o interior, pela qual recebemos os alimentos e, por extensão, as experiências da vida, que vêm a ser o nosso “alimento psicológico”. Porém, ela também funciona noutro sentido, ou seja, do interior para o exterior. É então o orifício através do qual nós expressamos, até mesmo cuspimos ou vomitamos o que está no interior e que precisa sair.

A boca pertence, ao mesmo tempo, ao Princípio da Terra e ao sistema digestivo (fase Yin), ao Princípio do Metal e ao sistema respiratório (fase Yang). É a porta pela qual as energias da Terra (alimentos, experiências) e as energias do Céu (ar, fôlego, compreensão) penetram em nós para se tornarem Energia Essencial. O fato de pertencer ao Princípio da Terra e ao sistema digestivo demonstra o seu importante papel na nutrição alimentar (alimentação) e psicológica (experiência). Além disso, a presença dos dentes simboliza a capacidade para morder nessa vida e para mastigar o que ela nos propõe engolir… e digerir essa proposta… mais facilmente. É por isso que os bebês e as pessoas de idade não podem ou não podem mais fazê-lo, sendo que os únicos alimentos que estão em condições de engolir são os líquidos, ou seja, afetivos, já que se trata do nível psicológico.

Os males da boca são um sinal da nossa dificuldade para morder na vida, para aceitar ingerir o que ela nos propõe, a mastigar essa proposta para digeri-la melhor. Aftas, inflamações bucais, mordeduras, que desenvolvemos nas bochechas ou na língua são muitos os sinais de que aquilo que nos é proposto ou que nos é dito não nos satisfaz. Todos esses males podem significar que a educação que nos foi dada, ou que as experiências com as quais nos defrontamos, “não fazem o nosso gosto”, que elas têm um sabor que nos desagrada. Eles representam a nossa dificuldade para aceitar novos sabores, ou seja, novas ideias, opiniões, experiências, mas também podem ser um sinal de saturação, de excesso de experiências e, por extensão, da necessidade de fazer uma pausa.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul