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As Doenças Cardiovasculares

As Doenças Cardiovasculares

As Doenças Cardiovasculares

Definindo as doenças cardiovasculares

O funcionamento normal do nosso organismo depende do bom funcionamento dos biliões de células que o compõem. Para desempe­nhar o seu trabalho, cada uma necessita de ser abastecida de oxigénio e de substâncias nutritivas.

Não podendo deslocar-se até às vias de abastecimento, como as vias respiratórias e as digestivas, as células são, necessária e totalmente, dependentes de um sistema de abasteci­mento: o sistema circulatório.

As veias, artérias e vasos capilares são as vias pelas quais chegam às células todos os alimentos necessários. O sangue é o meio de transporte das substâncias nutritivas. O abastecimento de todas as células do corpo representa uma tarefa complexa, dada a extensão dos tecidos a irrigar.

Calculou-se que a superfície dos tecidos humanos, uma vez estendidos, teria uma exten­são de 200 hectares, superfície equivalente à de 300 campos de fute­bol. A tarefa torna-se muito mais complexa, uma vez que o compri­mento dos vasos disponíveis para a irrigação, colocados em fila, atin­giria 100 000 km e a quantidade de sangue atinge, apenas, 6 a 7 litros. Para que a irrigação e, por conseguinte, a nutrição de todos os tecidos orgânicos possa efectuar-se correctamente, o sangue deve atra­vessar toda a rede de canais do sistema circulatório de maneira rápida e constante.

A menor diminuição, a menor retenção põem em perigo uma parte dos tecidos, comprometendo o abastecimento celular. A menor interrupção é fatal para as células, privadas de qualquer abastecimento. O coração é o órgão designado para assegurar a circulação do sangue. É a bomba indispensável que mantém em constante movi­mento a massa sanguínea, propulsionando-a através de toda a rede de vasos do sistema circulatório.

A potência da sua acção revela-se pelo facto de que o sangue não gasta mais do que um minuto para dar a volta ao organismo, o que corresponde a um caudal de 6 litros por minuto, quer dizer, 9 tone­ladas de sangue por dia. Além disso, a pressão com que o músculo cardíaco projecta o sangue para as artérias permitiria obter um jacto com uma altura de 1,70 metros!

Como o abastecimento das células pelo sangue não deve ser inter­rompido, o coração bate incansavelmente, noite e dia, concedendo-se apenas uma fracção de segundo entre cada contracção. Deste modo, é capaz de distribuir o líquido alimentar – o sangue – a cada célula do nosso corpo, por vezes durante um século ou mais, como acontece com os centenários. Para manter o sangue em movimento, o coração é ajudado pelos próprios vasos sanguíneos.

Quer se trate das artérias ou das veias que levam o sangue de um lado para o outro do corpo, quer dos finos capilares que penetram nas profundidades dos tecidos até junto das células, estes vasos não são canais rígidos e inertes. Todos eles pos­suem nas suas paredes músculos que aumentam ou diminuem o seu diâmetro. A alternância das dilatações e das contracções dos vasos que aspiram e expulsam o sangue auxilia muito a circulação.

A elas­ticidade das paredes vasculares é, pois, primordial, já que permite que os vasos secundem o coração no seu trabalho. O coração e os vasos desempenham um papel essencial no orga­nismo, na medida em que fazem circular o sangue, que é a seiva do corpo humano. O sangue contém todas as substâncias nutritivas ne­cessárias para a construção e funcionamento das células – por exem­plo, os aminoácidos, os minerais e as vitaminas.

Também transporta o oxigénio indispensável à respiração celular. A sua função consiste em libertar as células de todas as toxinas que produzem no decurso da sua actividade, levando-as até aos órgãos excretores para serem eliminadas. Quando a circulação sanguínea se processa mais lentamente, as células ficam rapidamente subalimentadas e suboxigenadas. Já não podem realizar o seu trabalho e auto-intoxicam-se com os seus pró­prios resíduos.

Uma interrupção muito localizada da circulação afecta apenas um grupo de células e limita-se a destruir unicamente uma parte do órgão. Se a destruição afectar um órgão vital, ou se a inter­rupção da circulação for geral, provocará a morte do próprio indiví­duo. Esta dependência do sistema circulatório, por parte de todos os órgãos do corpo, para o bom funcionamento e para a sua sobrevivên­cia, demonstra bem a gravidade das doenças cardiovasculares, que privam o resto do corpo de todas as possibilidades de desfrutar de uma boa saúde.

 

De: Christopher Vasey

Do livro Compreender as doenças Graves

Editorial Estampa Lda.

Os Factores de Risco

Os Factores de Risco

Os Factores de Risco

Analisando os factores de risco para uma doença.

Tudo o que pode degradar o nosso terreno ameaça inevitavelmente a saúde que a ele está condicionada. Quanto mais importantes e numerosos os factores de degradação, mais se deteriora o terreno e maior risco corremos de ficar gravemente doentes.

É, por isso, muito importante que conheçamos tais factores de risco, para os podermos evitar. Não é nas situações excepcionais (envenenamentos ou intoxica­ções acidentais, por exemplo) que devemos procurá-los, mas sim nos hábitos da vida diária.

Efectivamente, o nosso meio humoral forma-se a partir do que ingerimos como alimento sólido, líquido ou gasoso, inclusive o ar que respiramos, assim como tudo o que penetra no corpo concomitantemente­ com os alimentos (aditivos alimentares, medicamentos, fumo de tabaco, etc.).

Todas as influências a que submetemos o nosso organismo se inserem no terreno. Esta lógica simples convida-nos a analisar a forma de vida que levamos. A sua influência sobre o estado de saúde nem sempre resulta evidentejá que os erros que cometemos não se manifestam directa­mente de forma muito clara. Em primeiro lugar, originam modificações que, ao ampliarem-se, acabam por se tomar visíveis meses ou anos mais tarde sob a forma de perturbações locais.

A seguir, veremos como estes erros degradam o nosso terreno e nos fazem ficar doentes.

Todas as influências a que submetemos o nosso orga­nismo se inscrevem no terreno; daí a importância de analisarmos a forma de vida que levamos.

A sobrealimentação global

Em geral, o primeiro e principal prejuízo imputado à sobreali­mentação é que ela conduz à obesidade. No entanto, comer mais do que o necessário origina muitos outros efeitos negativos.

O esgotamento orgânico

Para o organismo, a digestão representa um trabalho muito impor­tante. Para que ele possa absorver e utilizar os apreciados nutrientes que lhe oferecem, a digestão deve realizar toda uma série de transfor­mações sobre os alimentos. As energias utilizadas na digestão aumentam com a quantidade de alimentos consumidos. A sobrealimentação conduz, inevitavelmente, a uma fadiga geral do organismo.

O esgotamento por cansaço exces­sivo alcança, em primeiro lugar, as glândulas digestivas, depois o coração e o sistema circulatório que deverá transportar essas substân­cias em excesso e, finalmente, os órgãos de eliminação, cuja capaci­dade é superada pela quantidade de resíduos que devem eliminar.

As fermentações e as putrefacções intestinais

As capacidades digestivas de um organismo não são ilimitadas. Sempre que a quantidade de alimentos ingeridos é excessiva ou quando demasiados alimentos diferentes são consumidos ao mesmo tempo, as fases da digestão são mal cumpridas. Os alimentos insuficientemente transformados fermentam ou apodrecem. As fermentações e as putrefacções intestinais produzem uma massa de substâncias tóxicas: ácido pirúvico, escatol, indol, fenol, ptomaína, etc.

Se estas substâncias pudessem ser rapidamente eliminadas do organismo, não provocariam qualquer problema. Mas, dado o cansaço dos órgãos digestivos e eliminatórios, as coisas não se passam precisamente assim, e é por esse motivo que o corpo se auto-intoxica com os seus próprios venenos.

A auto-intoxicação

Consoante o grau de debilidade dos intestinos, a velocidade do trânsito intestinal pode ver-se tão diminuída que as matérias fecais aí permanecerão por vários dias ou semanas. As mucosas intestinais são agredidas e irritadas pelos venenos com que estão em contacto, acabando por apresentar lesões que as tornam porosas. A partir deste momento, em vez de permitirem a passagem à corrente sanguínea apenas das substâncias nutritivas úteis, deixam passar também, através das­ malhas destruídas das suas paredes, as moléculas maiores dos venenos.

Chegando às lesões das mucosas intestinais, a sobrealimentação abre, de par em par, a porta aos venenos e aos resíduos intestinais enquanto o fígado conseguir neutralizá-los, o corpo não sofrerá em demasia.

Mas, quando a função antitóxica do fígado se vir ultrapassada ­pela quantidade de resíduos que se lhe apresentam diariamente, então não conseguirá mais preservar o organismo e, a pouco e pouco, deixar-se-á invadir. O paciente intoxicar-se-á, assim, com os seus pró­prios venenos.

A acumulação de sobrecargas

Mesmo que a digestão se efectuasse perfeitamente, a sobrealimentação causaria, de igual modo, uma degradação do terreno. Com efeito, se falamos de sobrealimentação, é porque o corpo recebe mais alimento do que necessita. O que poderá ele fazer com as substâncias nutritivas excedentes? Pode deixar uma parte como reserva, armazenando-as como pro­visão para necessidades futuras, tal como faz com as gorduras ou a glicose.

Mas as suas capacidades de armazenamento também não são ilimitadas. Mesmo uma substância útil, quando se encontra em excesso no corpo, pode tornar-se nefasta. Pensemos, por exemplo, nos diabé­ticos que sofrem de múltiplos distúrbios devidos a um envenenamento pelo açúcar. A acumulação exagerada de gorduras nos tecidos das pessoas obesas acaba, igualmente, por apresentar sérios inconvenien­tes: diminuição da velocidade da circulação e dos intercâmbios celu­lares, cansaço inútil dos órgãos e do coração, obstrução e congestão dos órgãos.

Em vez de armazenar as substâncias excedentes, o corpo pode, também, tentar eliminá-las, degradando-as para que possam ser expul­sas pelos canais excretores. Este trabalho, que se segue à digestão, acaba por esgotar o organismo e levar ao desgaste prematuro de todos os órgãos. É certo que estas degradações apresentariam a vantagem de libertar o organismo de sobrecargas indesejáveis, caso pudessem ser realiza­das correctamente, mas frequentemente isto não acontece devido à diminuição geral da velocidade das funções orgânicas. A degradação da glicose não se concluirá com a produção normal de água e gás carbónico facilmente elimináveis; deter-se-á numa fase intermédia, produtora de numerosos ácidos tóxicos (ácido pirúvico, succínico, fumárico, etc.).

Mesmo que a degradação das substâncias excedentárias se fizesse com normalidade, ainda assim produziria toxinas. Por exemplo, a decomposição das proteínas conclui-se, inevitavelmente, com a pro­dução de venenos, como a ureia e o ácido úrico. A sobrealimentação não leva, pois, necessariamente à aquisição de peso. Na realidade, pode conduzir a importantes modificações da composição dos líquidos orgânicos, sem aumento de peso.

A insuficiência eliminatória

A utilização de substâncias alimentares por parte do organismo produz sempre resíduos e toxinas; trata-se de um fenómeno normal e previsto, já que os canais excretores têm a função de eliminar esses resíduos. Naturalmente, quanto maior for a quantidade de alimentos, maior será a produção de resíduos. Quando a capacidade de eliminação dos órgãos excretores é superada, as toxinas obstruem os “filtros” e congestionam os órgãos. Quando a eliminação não pode ser feita correctamente, os resíduos acumulam-se nos tecidos.

Do livro Compreender as doenças Graves 

De: Christopher Vasey

Editorial Estampa Lda.

A DIABETES

 DIABETES

A DIABETES

 

A diabetes é um bom exemplo das doenças ligadas ao meio, tan­to a nível das causas desencadeantes, como da natureza dos danos e da sua evolução. Inclusivamente, o tratamento põe a nu a impor­tância do estado humoral e da higiene de vida no que respeita à evolução da doença.

A diabetes caracteriza-se por uma deficiência maior ou menor do pâncreas, que se encontra incapacitado de fabricar a insulina sufi­ciente, podendo até dar-se o caso de não produzir quantidade alguma desta hormona que condiciona a utilização do açúcar. Sem ela, a glicose contida no sangue não poderá penetrar nas células para ser utilizada e, assim, permanecerá no sangue, onde se acumulará de forma anormal.

Quanto mais elevada for a deficiência pancreática, ou seja, a ca­rência de insulina, mais grave é a doença. Portanto, a gravidade varia, consoante as pessoas.

pancreas

 

Causas da diabetes

A explicação a que normalmente se recorre (a origem da manifes­tação da doença é uma predisposição hereditária) não responde à pergunta, apenas adia um pouco a resposta. Poderemos, com efeito, perguntar-nos por que os pais têm diabetes ou por que motivo mani­festam propensão para ela.

O processo de funcionamento do pâncreas permite-nos compreen­der como se pode originar a deficiência pancreática. A proporção de aminoácidos, minerais e vitaminas do sangue é controlada constante­mente pelos diversos órgãos responsáveis, com o propósito de que as células tenham permanentemente à sua disposição os nutrientes de que necessitam. Este controlo realiza-se para evitar tanto as carências como os excessos, ambos prejudiciais ao bom funcionamento do organismo. O sangue possui, pois, uma composição ideal que é a garantia de uma boa saúde.

A função do pâncreas é controlar a percentagem de açúcar sanguí­neo (ou glicemia), para evitar que se encontre em excesso.

Graças às secreções de insulina, o açúcar em excesso abandona o sangue e, ou penetra nas células musculares, para ser utilizado como carburante energético, ou nas células adiposas, para ser armazenado na forma de gordura, como prevenção para futuras necessidades energéticas.

Após refeições ricas em glúcidos, a glicemia eleva-se demasiado e o pâncreas deve intervir, segregando insulina. Quanto mais elevadas forem as quantidades de glicose que penetram no sangue, mais fortes serão as secreções de insulina necessárias para restabelecer um nível normal de glicemia.

Devemos precisar que a glicose é a forma sob a qual o corpo utiliza os glúcidos e que as diversas fontes dos açúcares proporcionados pelos alimentos (açúcares simples ou complexos, como o amido) se transformam em glicose, para se tornarem utilizáveis.

Outro facto importante: o pâncreas segrega insulina de diversas maneiras, consoante a origem da glicose que penetra no sangue:

– A glicose procedente da digestão da fruta praticamente não soli­cita a intervenção do pâncreas;

– A glicose procedente da digestão do amido das batatas e dos cereais passa ao sangue lentamente e solicita uma intervenção moderada do pâncreas;

– A glicose proveniente da digestão da sacarose industrial (açúcar refinado) passa rapidamente ao sangue e origina fortes secreções de insulina.

 

Quando se consomem regularmente alimentos que contêm açúcar refinado, como acontece actualmente, o pâncreas sente-se excessiva­mente solicitado. Obrigado a reagir de forma enérgica e rápida a cada refeição e, mesmo entre as refeições, devido aos aperitivos, obrigado a segregar (e portanto, também a produzir) grandes quantidades de insulina, o pâncreas acaba por se esgotar. Deixa de ser capaz de realizar o seu trabalho como lhe é solicitada. A debilidade pancreá­tica, e a deficiência que deste modo se adquire podem transmitir-se à descendência.

Os efeitos negativos deste tipo de alimentação não ficam por aqui.

Devido à sobrealimentação, a maioria dos diabéticos têm excesso de peso; o meio sobrecarrega-se dos resíduos procedentes dos múltiplos excessos em glúcidos, assim como de proteínas e lípidos. Logo, o pâncreas, como os demais órgãos, sofre essa obstrução, e o seu fun­cionamento vê-se prejudicado na devida proporção. Por outro lado, o terreno fica debilitado, uma vez que os alimentos directamente impli­cados (açúcares, guloseimas, pastéis, chocolates, etc.) são, precisa­mente, refinados e desnaturados. A função pancreática, privada das vitaminas e dos oligoelementos indispensáveis, fica, consequente­mente, perturbada.

As carências e as sobrecargas associam-se para tomar o campo pouco favorável ao funcionamento do organismo em geral e do pân­creas em particular.

Como acontece em todas as doenças, a importância da higiene de vida também desempenha um papel determinante na manifestação da diabetes.

 excesso de peso

Os transtornos do diabético são a expressão da contaminação humoral

Apesar de o açúcar ser um nutriente indispensável ao organismo, converte-se num veneno se estiver presente em quantidades exagera­das num lugar que não lhe é próprio (no sangue, mais que nas células).

Para além de todos os resíduos que normalmente se encontram num sangue sobrecarregado, o sangue de um diabético contém uma percentagem demasiado elevada de glicose, que actuará como veneno. Os primeiros a sofrer com esta situação serão os vasos sanguíneos e todos os órgãos que estão em contacto directo com o sangue, uma vez que, na diabetes, é precisamente no sangue que o açúcar se detém.

A alteração das paredes vasculares é, pois, típica desta doença.

Quando os vasos se rompem ou ficam obstruídos, perfila-se todo o cortejo de doenças cardiovasculares: angina de peito, enfarte do miocárdio, hemorragia cerebral, artrite dos membros inferiores ou gangrena.

A ruptura dos vasos ao nível dos olhos pode provocar a cegueira.

A irritação provocada pelas sobrecargas sanguíneas ao nível do órgão excretor cutâneo (os diabéticos transpiram açúcar) provoca eczemas, pruridos, furunculoses, etc. As articulações são, também, afectadas. Surgem nevralgias e, até, paralisias, quando os nervos são mal irriga­dos e quando os resíduos tóxicos criam traumatismos e lesões nos filamentos nervosos.

O corpo tenta desfazer-se do açúcar em excesso através dos rins.

Infelizmente, utilizados como válvula de segurança, acabarão por ceder perante o peso dos resíduos que agridem e destroem os seus tecidos, acabando eles próprios por adoecer. Esta é outra das graves compli­cações que os diabéticos têm que enfrentar.

Um campo tão desequilibrado é ideal para a multiplicação dos germes infecciosos, e, efectivamente, os diabéticos estão submetidos a múltiplas infecções.

A evolução dos transtornos descritos está em função da intensidade da deficiência pancreática, quer dizer, da intoxicação pelo açúcar ou, por outras palavras, do estado do meio. A adopção de um tratamento bem adaptado ocasiona-lhes um retrocesso, no caso de o grau das lesões não ser ainda irreversível. Por outro lado, os transtornos pioram a cada desordem da função pancreática, como ocorre com o abandono do regime alimentar, com o esgotamento provocado pelo cansaço excessivo ou com os choques emocionais.

 

Tratamento da diabetes

Para tentar compensar a falta de glicose a nível celular, o organismo desencadeia a autofagia dos seus tecidos gordos e das suas proteínas de constituição. Proteínas e gorduras podem ser transformadas em glicose. Quando a autofagia é importante, a degradação dos corpos gordos em glicose é mal realizada. As transformações que as gorduras sofrem para produzir a glicose detêm-se no estado ácido (acetona, ácidos cetónicos).

Os corpos cetónicos, ao acumularem-se no sangue, tornam-no ácido (acidose). As reservas minerais básicas, capazes de neutralizar os ácidos, esgotam-se, e o sangue torna-se, bruscamente, mais ácido. Este estado é muito perigoso, pois corresponde a um envenenamento do organismo por acetona (crise cetónica). Desta forma, o doente penetra num sono (coma diabético) que, sem cuidados enérgicos, pode ser mortal.

Desde a descoberta da insulina em 1925, os diabéticos deixaram de estar à mercê das crises cetónicas. A toma regular de insulina permite que o organismo utilize normalmente a glicose. Assim, este não se vê obrigado a originar crises de autofagia, com todos os perigos que estas encerram.

De imediato, poderá parecer que o tratamento dos diabéticos reside inteiramente na utilização da insulina. De facto, esta substância evita a morte do paciente, mas não o dispensa, antes pelo contrário, de uma reforma da sua higiene de vida. Por outro lado, esta higiene é muito rigorosa e indispensável. O regime alimentar do diabético foi estabe­lecido após numerosos ensaios e análises e deve ser escrupulosamente seguido, sob pena de recaídas ou de complicações. Para os diabéticos que não dependam da insulina, quer dizer, para aqueles cujas deficiên­cias pancreáticas não são de molde a necessitarem de tomar insulina, o problema coloca-se da mesma forma. O seu estado de saúde depen­de, igualmente, da observação rigorosa do regime alimentar a que se submeterem.

Dieta

As refeições a horas certas, as quantidades exactamente doseadas dos alimentos, segundo a capacidade orgânica, a recusa de todos os alimentos desnaturados e a busca de uma vida o mais equilibrada possível, tanto física como emocionalmente, permitem aos diabéticos recuperar um equilíbrio do seu estado de saúde e viver com norma­lidade. Estas medidas nada têm de estranho; são as aconselhadas para sanear o terreno.

As carências e as sobrecargas associam-se para tor­nar o meio pouco favorável ao funcionamento do orga­nismo em geral e do pâncreas em particular. 

Do livro Compreender as doenças Graves, de Christopher Vasey, Editorial Estampa Lda

 

 

O segredo de como curar-se e manter-se saudável

O segredo de como curar-se e manter-se saudável

A terapêutica e os remédios

 Se todas as perturbações locais são o resultado do estado defei­tuoso do terreno, se as agressões microbianas também dependem das suas debilidades, o senso comum indica que a terapêutica deve actuar sobre ele, antes de mais. À unicidade patológica e à deterioração do terreno corresponde a unicidade terapêutica e a correcção do terreno, depurando-o e combatendo as suas carências. Mais a frente aprende como CURAR-SE e manter-se SAUDÁVEL.

O primeiro objectivo é, pois, libertar o organismo das toxinas e dos resíduos. Neste sentido, é necessário “abrir” de par em par as portas de saída, quer dizer, os órgãos de filtragem e eliminação: o fígado, os intestinos, os rins, a pele e as vias respiratórias. O seu funcionamento é lento em todos os pacientes. Os resíduos acumularam-se nesses órgãos e, ao não poderem abandonar de imediato o organismo, foram projectados para as profundidades dos tecidos. Os vários métodos de limpeza, destinados a estimular os canais excretores, despejam-nos primeiro, permitindo assim que todos os resíduos abandonem pro­gressivamente o organismo.

Para se poder avaliar realmente a quantidade de venenos e resíduos que podem acumular-se insidiosamente no corpo, é necessário que se faça uma cura de limpeza ou que se assista a ela. As pessoas que sofrem de um trânsito intestinal demasiado lento admiram-se sempre com a quantidade de matérias expulsas pelo intestino, mesmo após vários dias de jejum. O cheiro forte e nauseabundo exalado pelo suor dos doentes em estado grave, é um facto bem conhecido. Na mesma ordem de ideias, a coloração e concentração das urinas, no momento das crises de desintoxicação, é sempre surpreendente, do mesmo modo que o é a multiplicidade de formas pelas quais a pele expulsa os resíduos (borbulhas, purgações, corrimentos… ).

Apesar do carácter desagradável dos momentos de depuração do organismo, não há motivo para sustos ou desânimos, pois mais vale que esses resíduos sejam expulsos do nosso corpo, em vez de perma­necerem dentro dele.

Existem inúmeros meios pelos quais se pode estimular a elimina­ção de toxinas. Os processos são sempre escolhidos em função do doente. Consoante os casos, às vezes recorre-se às plantas medicinais, aos vários procedimentos de sudação, aos banhos, à reflexologia, etc.

Paralelamente à abertura das portas de saída, é também necessário auxiliar a “subida” das toxinas desde as profundidades dos tecidos até à superfície. Efectivamente, os resíduos que, com o tempo, se acumu­lam e se concentram cada vez mais, já não impregnam apenas os líquidos orgânicos: eles incrustam-se nos tecidos celulares. 

É lógico que estes resíduos são muito mais difíceis de eliminar, uma vez que, em primeiro lugar, é preciso desalojá-los para permitir que, com a continuação, sejam arrastados pelos líquidos orgânicos até aos canais excretores. As técnicas utilizadas são todas tendentes a intensificar enormemente a circulação, até aí lenta, dos soros celulares, ou a fragmentar os resíduos no próprio local em que se encontram, tornan­do-os em partículas mais finas, com o propósito de facilitar o seu transporte e a sua eliminação. Entre estas técnicas estão os jejuns, as mono dietas, os banhos hipertérmicos, as limpezas linfáticas, alguns exercícios físicos, etc.

Estimulando os intestinos com plantas de acção laxativa ou com lavagens, facilitando a eliminação da urina com plantas diuréticas, a expectoração com óleos essenciais e a sudação com a hidroterapia, a medicina natural não faz mais do que copiar os procedimentos cura­tivos accionados pelo próprio corpo. Efectivamente, para depurar o organismo e devolver-lhe a saúde, a própria força vital desencadeia abundantes evacuações de resíduos, através do tubo digestivo (diarreias, vómitos… ), rins (urinas concentradas, ácidas … ), vias respiratórias (catarros diversos) e pele (sudação). Deste modo, a medicina natural respeita essa grande verdade enunciada por Hipócrates: “A medicina é a arte de imitar os procedimentos curativos da natureza.”

O segundo objectivo da terapêutica natural é a correcção do terreno, proporcionando-lhe tudo quanto necessita para recobrar o seu equilí­brio. Trata-se de satisfazer as carências. As carências de aminoácidos essenciais, de vitaminas e oligoelementos têm efeitos dramáticos sobre o funcionamento do corpo, pela simples razão de que o nosso orga­nismo não pode sintetizá-los. Deve recebê-los do exterior.

Um organismo ao qual se proporcionam as substâncias de que se viu privado durante muito tempo renasce e recupera as suas forças de forma surpreendente. Todas as funções orgânicas que se encontravam adormecidas recobram a sua actividade, todos os trabalhos que haviam sido suspensos podem ser retomados, e o organismo revive. A depu­ração do terreno é, então, muito mais rápida, e as capacidades imunológicas são recobradas.

As carências podem satisfazer-se através de uma ingestão regular de alimentos que contenham as substâncias em falta, ou com a ajuda de “revitalizantes” como o pólen, a gelei a real, a levedura de cerveja, os germinados, os pós de algas ou alguns mariscos. A riqueza e concentração de alguns destes complementos alimentares em vitami­nas, aminoácidos essenciais, em oligoelementos e em minerais permitem manter eficazmente as forças vitais orgânicas e satisfazer as carências com maior rapidez.

Na medicina clássica, considera-se que a resolução do diagnóstico é o ponto mais importante, pois que dele depende a escolha dos medicamentos. Neste tipo de medicina, a terapêutica apresenta-se sob a forma de uma equação: para uma determinada doença, está indicado um determinado medicamento. Enquanto não se fizer o diagnóstico, não se poderá iniciar o tratamento.

Coloca-se, então, o doente sob observação, o que, na realidade, não faz senão permitir a evolução da degradação do terreno até que se manifeste uma perturbação local que seja diagnosticável.

Só então se poderá começar o tratamento, através da oposição que o agente terapêutico fará à enfermidade.

Para além do mais, este conceito apresenta um grande inconve­niente. Quando surge uma nova doença, desconhecida, como aconte­ceu recentemente com a SIDA, o paciente vê-se obrigado a depositar todas as suas esperanças no dia em que a sua enfermidade seja ple­namente identificada e surja um medicamento eficaz.

A medicina natural não se deixa deter por uma enfermidade “nova” e “desconhecida”. O novo é a forma de manifestar superficialmente a perturbação profunda que é a contaminação humoral. Embora não exista um diagnóstico no sentido da medicina clássica, o tratamento pode iniciar-se. Não há necessidade de submeter o paciente ao período de observação, de esperar que os seus transtornos se agravem, nem de esperar pela descoberta de um remédio. A acção de corrigir o terreno (limpar os resíduos e satisfazer as carências) pode iniciar-se imedia­tamente.

Na medicina clássica, o diagnóstico baseia-se na doença; Na me­dicina natural, baseia-se no doente. O interesse pelo enfermo significa interessarmo-nos pelo seu modo de vida, pela energia dos seus diver­sos órgãos, pelo seu sistema imunológico, pela natureza e as causas da contaminação humoral.

É preciso tratar-se o homem globalmente, nas suas dimensões fí­sica e psíquica, orgânica e espiritual, e não a pedaços isolados do seu ser, pois a diagnósticos fragmentados apenas corresponderão trata­mentos fragmentados. A medicina natural esforça-se para realizar um tratamento de fundo, que ataque a natureza profunda do mal e não apenas as suas manifestações superficiais.

Vale a pena determo-nos por um instante, para nos perguntarmos onde residirá a eficácia de um remédio. Como actua? Normalmente, temos a impressão de que o remédio tem em si todas as capacidades curativas necessárias e que ele é o único agente activo. Pode parecer assim, se situarmos a sua eficácia na capacidade que possui de fazer desaparecer os sintomas da doença. Mas, se esta for considerada um estado defeituoso do terreno, é lógico que nos perguntemos como é que um remédio, por muito polivalente que seja, poderá, por si só, estimular os canais excretores, depurar os tecidos, reforçar a imuni­dade, satisfazer as carências e fazer desaparecer os sintomas locais.

O remédio não cura a doença; no máximo, ajuda o enfermo a curar-se a si mesmo. As forças curativas encontram-se no corpo, são Forças Vitais do organismo: é a natura medicatrix dos Antigos, e a força imunológica dos modernos. Um remédio não tem capacidade para curar as doenças de uma pessoa morta. Faltam-lhe as forças vitais orgânicas que poderão estimular, orientar e manter.

Contudo, a medicina natural não se opõe ao uso de medicamentos. Ela própria os utiliza, mas unicamente como complemento para o tratamento de fundo. A medicina natural não deixa ao remédio a responsabilidade da cura; ela actua sobre o terreno responsável pelos transtornos locais. Além disso, os remédios específicos que, em caso de necessidade, emprega para tratamento dos transtornos locais são fisiológicos e não químicos; ou seja, são aceites pelos circuitos me­tabólicos do organismo, podendo ser facilmente utilizados e eliminados­ por ele. Quando assim não acontece, os remédios contribuem para maior degradação do terreno, tendo então um efeito mais nefasto que benéfico.

Ás vezes, pode ser necessária a utilização de remédios cujo efeito é “pior do que a doença”, quando o seu uso momentâneo permite superar momentos difíceis, por exemplo, no caso de super infecções microbianas, dores fortes, diminuição brusca da actividade de um órgão, etc. No entanto, o uso destes remédios ocasionais generalizou-se. Por esse motivo, podemos constatar como se multiplicam hoje em dia as enfermidades iatrogénicas, doenças provocadas pelos próprios medicamentos. 

Explicar que a enfermidade iatrogénica é menos grave que a enfermidade combatida inicialmente não é um argumento válido para justificar a sua utilização. Os problemas locais podem parecer menos graves, mas o estado do terreno por certo que se agravou com a intoxicação provocada pelos medicamentos, sendo por isso necessário prevenir novos transtornos.

É sempre desconcertante para aqueles que prescrevem e para os que utilizam medicamentos químicos constatar os procedimentos usados em medicina natural. Como podem as tisanas competir com produtos cujas concentrações em princípios activos são incompara­velmente superiores? Como é que as aplicações de água, de dietas ou massagens podem pretender efectivar curas nos casos em que os medicamentos fortes se mostram impotentes? Neste momento temos que recordar que o valor de um remédio não reside nele mesmo, mas na sua capacidade de ajudar, de manter e estimular as forças curativas do organismo.

As forças curativas encontram-se no corpo, são as forças vitais do organismo. O valor de um remédio não reside em si mesmo, mas na sua capacidade de estimular essas forças.

Fonte: Compreender as Doenças Graves de Cristopher Vasey

Editora Estampa

 

 

CURA FICTÍCIA E CURA VERDADEIRA

 ”A verdadeira cura é aquela que conduz o terreno a um estado óptimo.”

CURA FICTÍCIA E CURA VERDADEIRA

CURA FICTÍCIA E CURA VERDADEIRA

A Doença verdadeira encontra-se no terreno; por conseguinte, a cura verdadeira só poderá situar-se ao nível desse mesmo terreno, e nunca ao nível dos transtornos locais. A saúde não é a ausência de sintomas superficiais; corresponde a um estado particular do meio humoral, aquele em que a composição dos líquidos orgânicos permite e favorece a actividade normal das células. A verdadeira cura é aquela que conduz o terreno a esse estado óptimo.

O desaparecimento das perturbações locais não pode ser considerado­ como a cura da doença se o terreno no qual elas apareceram não for igualmente modificado. Certamente que o desaparecimento desses transtornos dolorosos e inconvenientes poderá ser acolhido como algo de bom, mas esse ganho não poderá ser duradouro se a raiz do mal não for atacada.

Sem a modificação do estado humoral, assistiremos a recaídas inevitáveis que a medicina clássica frequentemente considera como novas agressões, às quais se oporão novos tratamentos repressivos dos sintomas. Trata-se de um verdadeiro combate contra a hidra de sete cabeças. Mal se reprime um transtorno local, a força vital volta a desencadear uma nova crise curativa no mesmo ponto; essa situação é, então, designada por recaída. Se a recaída surgir em outro ponto do organismo, dizemos que se trata de uma transferência mórbida.

As múltiplas tentativas da força vital para concretizar a depuração do organismo podem ter lugar simultaneamente em vários pontos. O doente ignorante e mal aconselhado corre então de especialista em especialista, na tentativa de curar os seus vários transtornos locais, enquanto um tratamento único de correcção do terreno poderia fazer desaparecer todos os transtornos simultaneamente. Repetimos que o mal é sempre o mesmo; não faz mais que manifestar-se de modo diverso, segundo o local do corpo em que se encontra.

As curas fictícias, obtidas localmente por tratamentos anti-sinto­mas promovem a remessa contínua das toxinas para zonas mais pro­fundas no organismo. Desta forma, obriga-se o organismo a suportar uma percentagem de sobrecarga cada vez mais elevada. O paciente parece curado, mas o seu terreno está cada vez mais degradado. Na realidade, o paciente encontra-se cada vez mais doente.

Só poderemos obter uma verdadeira cura se pusermos o terreno em ordem, purificando-o completamente. Esta acção em profundidade leva automaticamente ao desaparecimento definitivo dos transtornos locais, se não forem de novo cometidos os erros que levaram à de­gradação do terreno.

A doença local, declarada e classificada, nada mais é do que a conclusão de um longo processo de degradação do terreno, produzido ao longo de meses ou anos. Por conseguinte, é necessário abandonar­-se a ilusão de uma cura fácil e rápida mediante a acção milagrosa de um qualquer remédio. Só poderá obter-se uma cura se desencadear­mos um processo inverso àquele que originou a degradação do terreno. Todas as toxinas que penetraram no corpo devem ser eliminadas, devem satisfazer-se todas as carências, e todos os tecidos danificados devem ser reconstituídos.

Em todas as enfermidades, sobretudo nas mais graves, é necessário que nos armemos de paciência e não tenhamos pressa. Não é possível caminhar-se por atalhos. Isto não quer dizer que os transtornos locais só desapareçam quando o terreno estiver bem limpo. Pelo contrário, poderão desaparecer bastante depressa, precisamente porque não são mais do que os resultados finais do transtorno profundo – a gota de água que, de certo modo, faz transbordar a taça. Nesse momento, seria um erro interromper o tratamento.

Deixar de tomar medicamentos químicos imediatamente após o desaparecimento dos sintomas inscreve-se na lógica do conceito médico que considera esses sintomas locais como a doença em si. Esta forma de agir não pode transplantar-se para os tratamentos correctores do terreno. Não devem ser interrompidos antes que se haja atingido o estado óptimo.

No entanto, estes tratamentos não oferecem garantias contra novas intoxicações. Deve manter-se a modificação da forma de vida adoptada para se atingir a cura, pois, de contrário, ao se repetirem as mesmas causas, produzir-se-ão os mesmos efeitos. É este o preço de uma cura verdadeira e duradoura.

O desaparecimento dos transtornos locais não pode ser considerado como a cura da doença, se o terreno onde surgiram estes transtornos não for igualmente mo­dificado.

 

Do livro compreender as doenças Graves

De  Christopher Vasey

Da editora Estampa

 

LIMPEZA E ELIMINAÇÃO

LIMPEZA E ELIMINAÇÃO

LIMPEZA E ELIMINAÇÃO

 

Para manter o organismo num estado de equilíbrio conveniente e para metabolizar e absorver os nutrientes da nossa alimentação, é necessária uma eliminação adequada. Enquanto a parte superior do sistema digestivo – boca, estômago e intestino delgado – é destinada à absorção, a parte inferior – o cólon ou intestino grosso – destina-se à eliminação; este também contém variados microrganismos, a que chamamos flora intesti­nal, que são essenciais para uma eliminação adequada.

A insuficiente eliminação dos produtos de excreção do organismo pro­voca a fermentação e putrefacção, conduzindo a variados problemas de saúde. Quando se fazem várias refeições por dia, é impossível não haver resíduos acumulados no cólon sob a forma de partículas alimentares não digeridas ou de produtos finais dos alimentos que foram submetidos a pro­cessos digestivos. Os resíduos alimentares também se desenvolvem nas células e tecidos, o que pode tornar-se altamente tóxico se continuarem a fermentar e em putrefacção. O objectivo do cólon, enquanto órgão de eli­minação, é acumular material de excreção de todas as partes do organis­mo e, através da acção peristáltica dos músculos do cólon, remover estes resíduos. Se continuar a acumular, a má disposição, a doença e o desequi­líbrio no organismo ocorrem frequentemente.

 

obstipação é a principal condição na origem da maior parte dos pro­blemas de saúde. Muitas vezes existe um estado de obstipação quando os movimentos intestinais parecem normais devido a uma acumulação de fezes algures no cólon. A obstipação implica não apenas a retenção de fezes no intestino, mas também a retenção pela primeira metade do cólon (do ceco até ao meio do cólon transversal).

A parede desta secção do cólon tem nervos e músculos que criam mo­vimentos ondulatórios conhecidos como peristálticos para impelir o conteúdo do cólon do ceco para o recto para posterior evacuação.  Além da forma­ção destas ondas, a primeira metade do cólon extrai todo o material nutriti­vo que o intestino delgado não tenha conseguido recolher. Este material nutritivo é recolhido pelos vasos sanguíneos que revestem as paredes do cólon e conduzido ao fígado para ser processado. Se as fezes fermentaram no cólon, os elementos nutritivos presentes passam para a corrente san­guínea como produtos poluídos (a que chamaremos envenenamento do sangue, uma condição em que o sangue contém matérias venenosas,  produzidas pelo crescimento de bactérias patogénicas ou causadoras de doença).

 flora intestinal

A outra função importante da primeira metade do cólon é reunir (a par­tir das glândulas nas suas paredes) a flora intestinal necessária à lubrifica­ção do cólon. Muita gente acredita que as irrigações do cólon e os clisteres fazem desaparecer a flora intestinal e privam o cólon de lubrificação. Isso não acontece; quando a acumulação de fezes no intestino leva a um blo­queio ou a incrustação, não é possível que o revestimento do cólon funcio­ne normalmente, e as glândulas não conseguem produzir a lubrificação necessária. Esta incrustação interfere com a flora intestinal necessária à lubrificação do cólon,  à formação de movimentos peristálticos tendentes à evacuação e à absorção de elementos nutritivos a partir do intestino del­gado.

A irrigação do cólon é um método que consiste em lançar um jacto de água para o cólon de modo a que o revestimento fecal fique embebido e saturado a fim de que a sua remoção possa realizar-se gradual e efectiva­mente. Enquanto o paciente se encontra deitado e descontraído numa mar­quesa ligada ao equipamento, um operador treinado (muitas vezes uma en­fermeira, um médico quiroprático ou naturopata controla o fluxo de água e a expulsão realizada pelo cólon, massajando-o e ajudando na remoção de matéria fecal incrustada. Uma irrigação do cólon requer um período de 30 a 60 minutos; durante esse tempo, 90 a 120 litros de água(à razão de meio a 1 litro de cada vez) são inseridos no cólon através do recto e, de­pois, expelidos. Inicialmente, a maioria das pessoas precisa no mínimo de três irrigações (cerca de uma por semana) para libertar o material antigo, e deveriam continuar estes tratamentos de dois em dois ou de três em três meses, dependendo do estado do cólon. A limpeza do cólon permite, assim, o máximo de absorção de alimentos. A quantidade certa de glicose é transportada a todas as células do organismo, mantendo o açúcar no san­gue a um nível constante.


Muitas doenças e condições de desequilíbrio do organismo estão rela­cionadas com o bloqueio de matéria fecal no cólon. Uma delas é a diar­reia – condição de evacuação frequente e fluida do intestino. Existem vários tipos de diarreia, o mais comum é a diarreia inflamatória causada pela congestão de muco no cólon; outro tipo é a pancreática,  devida a uma desordem do pâncreas; há também a diarreia parasítica que é provocada pela presença de parasitas intestinais. Todas elas reagiram favoravelmente a tratamentos do cólon.

Se estudarmos um diagrama do cólon, verificamos que cada secção do cólon corresponde a outro órgão no organismo. Ao limparmos o cólon, estamos a limpar e a manter em equilíbrio todos os outros órgãos ao mesmo tempo.

Muitas pessoas sofrem de algum tipo de doença ou condição metabóli­ca – hipoglicemia (baixo teor de açúcar no sangue), diabetes, desequilí­brio da tiróide (as condições de peso a mais ou a menos relacionam-se muitas vezes com a tiróide) e as várias doenças a que chamamos cancro. O metabolismo do organismo está dependente da hormona tiroxina para poder funcionar devidamente; o iodo é o ingrediente básico desta hormona. A capacidade de a tiróide utilizar iodo é proporcional à falta de toxicidade no cólon. Quando a tiróide não consegue gerar suficiente tiroxina, a pele pode tornar-se baça, o cabelo seco e quebradiço, o corpo aumenta de pe­so e há uma perda de vitalidade.

 

pâncreas é um dos nossos órgãos mais importantes; está intimamen­te ligado ao metabolismo do açúcar no sangue e aos processos digestivos. O suco pancreático contém enzimas digestivas e é alcalino na sua reac­ção, estabelecendo assim as condições ideais para o funcionamento das enzimas intestinais no intestino delgado. Mais ou menos no centro do pân­creas há um grupo de glândulas chamado «ilhas de Langerhans», que pro­duzem insulina, a hormona responsável pela regulação do metabolismo de açúcar e outros hidratos de carbono. Quando o organismo está intoxicado e existe fermentação no cólon, estas glândulas ficam impossibilitadas de produzir a insulina necessária, causando uma tolerância de açúcar por esse mesmo organismo. Quando isto acontece, o volume de açúcar no sangue aumenta e é descarregado nos rins (processo conhecido como diabetes mellítus).

A funcionar juntamente com o pâncreas está o fígado; este está impli­cado no metabolismo de proteínas e gorduras. O fígado gera bílis, que é armazenada na vesícula biliar, e ajuda a destruir as gorduras presentes no organismo. É também um agente de desintoxicação e um reservatório de sangue. Quando o cólon está intoxicado e contém material fermentado, as toxinas também se estabelecem no fígado. Isto enfraquece o sistema imunitário e o organismo pode desenvolver várias condições de alergia e estados de doença.

 

Outra função do fígado é decompor a hemoglobina dos glóbulos vermelhos e armazenar cobre, ferro e outros sais minerais.

A congestão do cólon também leva a que o sistema linfático fique sobrecarregado com material de excreção.

Quando as glândulas linfáticas se encontram no máximo da sua capaci­dade, aparecem muitas vezes caroços em várias áreas do corpo, como nos seios. Certos problemas da próstata e outras desordens do sistema reprodutor estão também relacionados com bloqueios no cólon.

Para ajudar à eliminação, há vários alimentos que deveriam ser incluí­dos numa dieta, também curtos jejuns, principalmente constituídos por sumos de vegetais, caldos e chás de ervas. O jejum prolongado, todavia, esgota a vitalidade. Mas, como há muitos indivíduos que têm problemas devido a baixas concentrações de açúcar no sangue, a abstinência, um ou dois dias antes da irrigação do cólon, é suficiente. Os sumos de fruta ten­dem a tornar o organismo mais ácido e aumentam a quantidade de açúcar; de modo que estes devem ser muito pouco usados – talvez um copo de sumo de ameixa ou de cereja de manhã. Quanto ao resto, os sumos de vegetais frescos, as sopas de batata e outros vegetais (que ajudam a alcalini­zar o sistema) e os chás de ervas fornecem ao organismo as vitaminas e sais minerais de que necessita.

Os alimentos mucilaginosos e as ervas desempenham um importante papel na lubrificação das paredes do cólon e como ajuda à eliminação. Os alimentos mucilaginosos importantes incluem as sementes de linho, de chia e de psyllium. Estas devem ser moídas e acrescentadas aos cereais do pequeno almoço, polvilhadas sobre saladas ou sopas, ou tomadas direc­tamente dissolvidas em água ou em sumos. As ervas que são mucilagino­sas e especialmente benéficas para o cólon são o olmo e a consola.


A inclusão de alimentos fermentados numa dieta é também muito im­portante como auxiliar na eliminação e para promover o crescimento de bactérias intestinais saudáveis. O iogurte e o kefir são alguns desses ali­mentos. Se alguém for particularmente sensível aos produtos de leite de vaca, poderá comprar iogurte de leite de cabra ou fazê-lo com leite fresco ou em pó. Os iogurtes de sementes e os queijos de sementes fermentados também podem ser feitos com sementes de sésamo, de girassol ou outras. Os alimentos fermentados feitos de soja incluem o miso (um caldo ou ba­se) e o tamari (molho de soja). Contudo, há que ter algum cuidado na ingestão de miso e de tamari, uma vez que têm um elevado teor de sódio. Por isso, não devem ser incluídos numa dieta mais de uma ou duas vezes por semana. Os misos branco e amarelo contêm menos sódio. Outros ali­mentos fermentados incluem a choucrute, o kim chee (uma mistura condi­mentada de couve e pimentos vermelhos usada no oriente) e os queijos fermentados como o Roquefort.

Além da limpeza do cólon,  é importante remover periodicamente o excesso de muco do nariz, da garganta e os pulmões. Há duas espécies de muco – os mucos de lubrificação da mucosas. Que são naturais e necessá­rios em qualquer organismo – e os mucos patogénicos que são o resulta­do da ingestão de certos alimentos líquidos ou sólidos. Estes mucos pato­génicos propagam germes, micróbios e bactérias. O leite de vaca e seus derivados são a fonte mais prolífica deste tipo de mucos. A alimentação e digestão deficientes também causam um fluxo acrescido de mucos.

lavagem nasal ajuda muito – deitar água morna numa narina com a ajuda de um pequeno jarro (chamado «netti pot») deixando-a sair pela ou­tra. Também há vários tubos na índia que são introduzidos por cada uma das narinas e depois retirados pela garganta. Isto ajuda a libertar o muco na área do nariz e da garganta. Existem ainda processos mais complexos para limpar os brônquios, o estômago e o cólon.

 

pele é outro órgão de eliminação muito importante. Muitas toxinas acumulam-se na pele, o que contribui para os vários odores corporais que emitimos. As saunas e os banhos de vapor, especialmente nos meses de Inverno, quando normalmente não transpiramos. Constituem excelentes métodos de limpeza da pele. As instalações de sauna. Usadas por muitas tribos americanas nativas. São uma óptima forma de limpar tanto a mente como o corpo.

DO MANUAL COMPLETO DE MEDICINA NATURAL

DE MARCIA STARCK

EDITORA ESTAMPA

 

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