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A anorexia

A anorexia

Representa o fenómeno exatamente inverso da bulimia. A relação de afeto com a mãe e a sua representação nutritiva foram insatisfatórias. Mãe “ausente”, pouco afetuosa, que não desejava a criança ou então gostaria de um menino no lugar da menina (ou de uma menina no lugar do menino) – são muitas as memórias que às vezes desvalorizam a relação com o alimento e fazem com que ela deixe de ser atraente para nós ou, pior ainda, que se torne repugnante. Nesse caso também, a anorexia pode vir a ser grave, a ponto de levar a pessoa à desnutrição mortal do seu corpo.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

A bulimia

bulimia

A bulimia

É a necessidade compulsiva e, às vezes, incontrolável de devorar a comida. Chega a tal ponto que as pessoas atingidas provocam o vómito para poderem comer de novo. Essa forma grave leva diretamente à depressão, se não puder ser tratada rapidamente e de forma inteligente.

A bulimia fala-nos da necessidade de preencher um vazio existencial, de gerar as nossas angústias a todo o momento através da alimentação. Isso representa a primeira relação com a vida e com o primeiro ser que nos ama e nos concede a vida e o seu amor, ou seja, a mãe. A relação que mantemos com a alimentação está fortemente impregnada da “lembrança” dessa relação com a mãe e do caráter satisfatório e compensatório que ela pode ou soube representar.

Cada tensão, frustração, falta, necessidade de compensação ou de recompensar, dar-se-á através da alimentação. O medo, a incerteza de não poder recomeçar levam à atitude compulsiva e repetitiva, ou então ao armazenamento.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

O excesso ou o ganho de peso

O excesso ou o ganho de peso

Eles são um sinal da nossa insegurança material e afetiva em relação ao futuro próximo ou distante. Eles também significam que temos dificuldade para integrar as fases da nossa vida em que tivemos perdas, privações.

Estamos aí na presença de um primeiro tipo de insegurança inconsciente, de um medo da falta muitas vezes não percebido. No entanto, os indivíduos sentem necessidade de armazenar, no caso de “vir a faltar” ou “para evitar que falte de novo”.

O segundo tipo de insegurança está relacionado ao mundo exterior. O medo de ter que enfrentá-lo, de correr o risco de não conseguir, de ficarmos “despojados” diante dele, nos leva também nesse caso a armazenar. Além disso, “isso nos permite colocar um muro entre nós e o mundo”, protegermo-nos com um edredom feito de carne e de gordura. Aliás, os “pesados” são na maioria das vezes moles e frágeis e têm uma grande necessidade de ser “tranquilizados”.

O último tipo de sofrimento que pode se exprimir por trás de um ganho excessivo de peso é mais traiçoeiro e “grave”, pois é negativo. Na verdade, trata-se de uma tentativa de difamação quanto a si mesmo ou de autopunição. Isso faz com que desvalorizemos a nossa própria imagem e com que possamos então dizer: “Dá para ver que você não está bem, não é bonito ou bonita, que não pode ser amado”. Através dessa distorção dos fatos, procuramos enfear a nossa imagem não só diante de nós mesmos como também diante dos outros.

Mas por trás desses significados, existe uma trama comum que é a da relação afetiva com a mãe (alimentação) que não foi equilibrada e que procuramos compensar. Quando esse elemento se torna preponderante, a dinâmica alimentar, bulimia ou anorexia, torna-se então um meio a mais para acentuar essa mensagem.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

Os quistos e os nódulos

Os quistos e os nódulos

São pequenas formações de líquidos orgânicos ou de carne aprisionadas na pele ou nos tecidos orgânicos. Sendo benignos na maioria das vezes, essas “bolas” ou “bolsas” representam calos, fixações de memórias emocionais.

Elas falam-nos da nossa tendência para reter, sustentar, endurecer certas feridas interiores. Rancor, impossibilidade de esquecer ou de aceitar as dificuldades da vida, calos de memórias com as quais não podemos romper, feridas ou frustrações que não foram aceitas pelo ego, muitos são os elementos que podem se expressar através dos quistos ou dos nódulos.

Enquanto memórias emocionais do ego, estão muitas vezes relacionadas às vivências sociais ou profissionais. O lugar onde esses quistos ou nódulos aparecem revela-nos, naturalmente, uma informação a mais sobre o tipo de memória bloqueada.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As vertigens

As vertigens

São sensações da falta de equilíbrio, de quando perdemos o chão ou de quando vemos as referências visuais se “movimentando” ao nosso redor.

As vertigens exprimem a nossa necessidade de domínio do espaço à nossa volta e a busca de pontos de referência precisos, definidos e estáveis. É por essa razão que atingem principalmente as pessoas ansiosas ou pretensamente “desprendidas”.

Uma das ferramentas essenciais para o equilíbrio no corpo é a orelha, particularmente com aquele “tipo de areia” que fica no interior do ouvido interno, cuja posição e cujos movimentos participam enormemente da nossa estabilidade física. Ora, a orelha, que pertence ao Princípio da Água, representa justamente as nossas referências fundamentais. O medo de não conseguir controlar o que pode acontecer, o espaço à nossa volta, pode se traduzir por vertigens mais acentuadas ou não, sejam elas diretas (vertigem em lugares altos) ou indiretas (situações particulares que provocam essas vertigens).

É o caso clássico das vertigens sentidas durante os jogos das festas de rua, ou quando se pratica desportos nos quais as nossas referências espaciais são perturbadas, e o aikido, em particular, me vem à mente.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As doenças autoimunes

Sistema Imunológico

As doenças autoimunes

São afeções nas quais o organismo mistura vários processos, pois fazem questão da alergia, da inflamação e da dinâmica cancerosa. São doenças de defesa nas quais o organismo não reconhece mais suas próprias células e se põe a combatê-las e a destruí-las como se fossem agentes exteriores e perigosos. Por exemplo, a poliartrite de evolução crónica é degenerativa, no sentido em que ela não respeita mais as leis naturais de reconhecimento orgânico.

Essas afeções nos falam da nossa incapacidade para nos reconhecer, para nos ver ou nos aceitar tal qual o somos. Essa dificuldade para identificar o que somos é muitas vezes agravada pela busca de “responsabilidades exteriores”. Estamos em fase de luta contra o mundo que não nos compreende, que não nos reconhece, não nos ama, enquanto se trata, na realidade, de um problema nosso. Só discutimos a vida de forma maniqueísta, e as coisas não existem só em função do bem ou do mal, e as situações não são vividas somente em termos de certo ou errado. Essa estratégia conflituosa permanente e de defesa compulsiva nos leva-nos à  nossa destruição acreditando que estamos destruindo o mundo para nos defender e não para prejudicar.

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