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As inflamações e as febres

As inflamações e as febres

O fogo está em nós e deve fazer valer o seu duplo papel: queimar e purificar, alertar e limpar, produzir calor e destruir. Tendinites, febres e outras inflamações estão aí para nos dizer que há fogo dentro de nós, que há superaquecimento, uso excessivo ou inadequado da parte do corpo em questão. Mas, assim como para as alergias, o organismo está ativo e procura alertar, limpar, purificar a zona atingida através do fogo que desencadeia. A significação da inflamação está sempre associada à do lugar onde ela se produz.

Vou citar aqui o exemplo da Laurence que me veio consultar por causa de uma tendinite no cotovelo direito. Essa inflamação lhe demonstrava a sua dificuldade para aceitar que sua filha havia crescido e não se comportava mais como ela, sua mãe, gostaria. No entanto, ela insistia e mantinha um ataque ostensivo inconsciente para o lado da sua filha, que “não entendia nada” e continuava a levar a sua vida como desejava. A aceitação dessa constatação fez com que a tendinite no cotovelo cessasse rapidamente.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As alergias

As alergias

As alergias

Elas são reações de defesa excessivas do organismo perante um “agente” exterior, normalmente banal, sem nenhum risco particular, mas que é considerado um agressor, um inimigo. Pó, pólen, ácaros, perfume, fruta etc., são muitos os adversários “imaginários” contra os quais o organismo reage violentamente para destruí-los ou expulsá-los.

A febre do feno, as alergias cutâneas, digestivas ou respiratórias falam-nos das nossas dificuldades para gerar o mundo exterior, que é recebido como perigoso ou agressivo. Estamos na fase da defesa, dos agredidos, das vítimas mas também da Joana D’Arc. Nós ficamos reativos perante os outros e o nosso primeiro reflexo, não importa o que aconteça, é uma atitude defensiva forte e mesmo reativa, às vezes. Estamos ativos e decididos a nos defender a qualquer preço. É por essa razão que os “alérgicos” quase nunca desenvolvem cancro.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

A garganta e os seus males

A garganta e os seus males

A garganta é a parte do corpo pela qual passam dois “condutores” de alimentação, que são o esófago (alimentação material) e a traqueia (ar). Também é o lugar onde se situam as cordas vocais e as amígdalas. Na parte da frente da garganta, na cavidade laríngea, encontra-se uma glândula fundamental, a tiróide.

Antes de tudo, a garganta é o lugar pelo qual engolimos, ou melhor, deglutimos o que engolimos. Um sistema reflexo muito elaborado nos permite selecionar o tipo de alimento sólido e o ar, e dirigi-los até o recetáculo adequado, estômago ou pulmão. Quando esse ajuste não funciona corretamente, ou nós nos sufocamos, ou então provocamos a aerofagia. Com as cordas vocais, a garganta é o vetor e o suporte da expressão oral. A fala – as palavras ou os gritos – depende dela. Logo, ela é afinal a porta, ou melhor, a alfândega que filtra e seleciona as entradas e as saídas. Quanto à tiróide, trata-se da glândula principal, se pudermos dizer assim, da qual depende o equilíbrio do crescimento e de todo o metabolismo humano, assim como o desenvolvimento do nosso corpo físico (crescimento, peso).

No que diz respeito à energética, a garganta é a sede do Chacra, dito “da garganta”. Esse centro energético é o da expressão do eu, da maneira como nós nos posicionamos em relação ao mundo exterior. Ele representa a nossa capacidade para reconhecer e para exprimir o que somos e para receber aquilo que pode nos enriquecer, nos alimentar, nos fazer crescer. Enfim, é a sede do nosso potencial de expressão da criatividade.

Os males da garganta são aqueles da expressão “O que eu tenho atravessado na garganta”, ou da aceitação “O que eu não consigo engolir”. Perda de voz, angina, não engolir corretamente, aerofagia são sinais da nossa dificuldade para exprimir o que pensamos ou sentimos, muitas vezes por medo das consequências dessa expressão. Nós preferimos então deixar as coisas “na alfândega”. Esses males são, por extensão, as marcas de uma falta de expressão do nosso eu, aquilo que somos, das suas qualidades ou fragilidades: “O que é que eu não consigo passar, dizer?” O hipertiroidismo (Yang) ou o hipotiroidismo (Yin),por exemplo, se traduzem muitas vezes por sinais de uma impossibilidade para dizer ou para fazer o que gostaríamos.

Ninguém pode nos compreender, não temos os meios para “passar” o que acreditamos, temos medo da não-aceitação, por parte do outro, em relação ao que queremos dizer, temos medo da força ou violência resultantes. Por trás dessa não expressão, há sempre uma noção de risco, de perigo, que nos faz parar, reter a expressão. A forma Yang manifesta um desejo de vingança, apesar de tudo, enquanto a forma Yin exprime um abandono face à impossibilidade de se exprimir.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

O nariz e os seus males

O nariz e os seus males

O nariz é o orifício pelo qual o ar penetra no nosso corpo e aquele pelo qual recebemos os odores, ou seja, o que emana do mundo manifestado. É graças a ele que podemos cheirar. Ele está associado ao Princípio do Metal, do qual ele é o sentido.

Nós respiramos pelo nariz, através do qual deixamos entrar a energia do ar, do fôlego (Céu). Logo, o seu nível de assimilação das energias é mais “ténue” que o da boca, que faz com que assimilemos o nível “material” da vida. No entanto, ele está intimamente ligado a ela através do olfato, que é o associado fundamental do paladar, ao qual dá “volume”, coloração. A associação paladar/olfato é tão importante quanto a que há entre os dois olhos.

Os males do nariz vão nos falar do nosso medo em deixar que as dimensões “ténues” da vida entrem em nós, tanto no que diz respeito a nós mesmos quanto no que diz respeito aos outros. É a relação com a intimidade, com a aceitação das nossas informações íntimas ou das do outro. Isso faz com que possamos compreender melhor o papel importante que os odores têm na sexualidade, seja ela vegetal, animal ou humana. Sinusite, nariz entupido, perda do olfato – são muitos os sinais da nossa dificuldade para aceitar as mensagens, as informações “íntimas” que chegam até nós. Não “sentimos o cheiro de nada”, elas nos desagradam pois “cheiram mal”. Ora, o que é que “cheira mal”? Os excrementos, a podridão, não as flores! O que é que cheira mal na nossa vida, o que está podre ou está apodrecendo dentro de nós? Há muitas questões a serem feitas e a serem colocadas em relação às nossas atitudes, ou ao que nós “cultivamos” dentro de nós, ou na relação com o outro, e sobre o valor que damos às coisas. Cada vez que falamos do outro “Eu não o suporto” ou “Eu não posso vê-lo”, devemos pensar no efeito espelho e refletir sobre a qual parte de nós que não suportamos ou não podemos ver fomos conduzidos.

Os problemas de olfato ou de falta de olfato também provavelmente exprimem rancores, amarguras ou desejos de vingança que deixamos amadurecer e/ou apodrecer dentro de nós. Enfim, eles podem significar que é grande o nosso medo em relação às manifestações da vida e da animalidade dentro de nós, pois a vida também é a morte, os excrementos, a podridão.

Estes últimos nos são insuportáveis porque lhe damos noções de valor. Porém, talvez nos esqueçamos muito facilmente que os mais belos legumes e as belas flores crescem a partir de estrume ou de adubo e que a vida se alimenta da morte, que não é um fim da vida mas uma transição para a vida.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

A boca e os seus males

A boca e os seus males

A boca é que faz com que possamos sorrir e também nos exprimir. É a porta aberta entre o mundo exterior e o interior, pela qual recebemos os alimentos e, por extensão, as experiências da vida, que vêm a ser o nosso “alimento psicológico”. Porém, ela também funciona noutro sentido, ou seja, do interior para o exterior. É então o orifício através do qual nós expressamos, até mesmo cuspimos ou vomitamos o que está no interior e que precisa sair.

A boca pertence, ao mesmo tempo, ao Princípio da Terra e ao sistema digestivo (fase Yin), ao Princípio do Metal e ao sistema respiratório (fase Yang). É a porta pela qual as energias da Terra (alimentos, experiências) e as energias do Céu (ar, fôlego, compreensão) penetram em nós para se tornarem Energia Essencial. O fato de pertencer ao Princípio da Terra e ao sistema digestivo demonstra o seu importante papel na nutrição alimentar (alimentação) e psicológica (experiência). Além disso, a presença dos dentes simboliza a capacidade para morder nessa vida e para mastigar o que ela nos propõe engolir… e digerir essa proposta… mais facilmente. É por isso que os bebês e as pessoas de idade não podem ou não podem mais fazê-lo, sendo que os únicos alimentos que estão em condições de engolir são os líquidos, ou seja, afetivos, já que se trata do nível psicológico.

Os males da boca são um sinal da nossa dificuldade para morder na vida, para aceitar ingerir o que ela nos propõe, a mastigar essa proposta para digeri-la melhor. Aftas, inflamações bucais, mordeduras, que desenvolvemos nas bochechas ou na língua são muitos os sinais de que aquilo que nos é proposto ou que nos é dito não nos satisfaz. Todos esses males podem significar que a educação que nos foi dada, ou que as experiências com as quais nos defrontamos, “não fazem o nosso gosto”, que elas têm um sabor que nos desagrada. Eles representam a nossa dificuldade para aceitar novos sabores, ou seja, novas ideias, opiniões, experiências, mas também podem ser um sinal de saturação, de excesso de experiências e, por extensão, da necessidade de fazer uma pausa.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

As orelhas e os seus males

As orelhas são os órgãos da audição. Elas nos permitem captar, receber e depois transmitir, descodificando as mensagens sonoras. Estão relacionadas ao Princípio da Água e, por extensão, às nossas “origens”. Os auriculoterapeutas “veem” a forma de um feto invertido e, segundo os Orientais, é possível ver se a pessoa é o que chamamos de “uma alma velha”, ou seja, alguém “que não está na sua primeira vida”. O som “criador” foi a primeira manifestação no nosso Universo. As nossas orelhas nos unem às nossas origens e constituem um dos sinais da imortalidade e da sabedoria (Buda). Por extensão, são a representação da nossa capacidade de escuta, de integração, de aceitação do que recebemos do exterior, pois nos fazem escutar mas também entender.

Os problemas dos ouvidos, zumbidos, acufeno, surdez parcial, seletiva ou total, são um sinal de que temos dificuldade para ouvir (até mesmo de que nos recusamos) o que acontece ao redor de nós. Se a surdez for lateralizada à direita, está relacionada com a simbologia materna, e se estiver à esquerda, com a simbologia paterna. Era, por exemplo, o caso do Raphael que desencadeava repetidas otites no ouvido direito. Ora, sua mãe tinha tendência a gritar muito e a criança não suportava esses gritos incessantes.

Do livro: Diga-me onde dói e eu lhe direi por quê de Michael Odoul