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O Sistema Digestivo

sistema digestivo

O sistema digestivo possibilita a digestão dos alimentos sólidos e líquidos que consumimos. É graças a ele que podemos assimilar a alimentação material que a terra nos oferece e que a gastronomia elabora para o nosso prazer. Através dele, vamos transformar esses alimentos. Através de uma alquimia extremamente elaborada que vai tomá-los utilizáveis, aceitáveis para o nosso organismo, eles vão ser um dos elementos essenciais do nosso combustível final.

O sistema digestivo é aquele que contém o maior número de órgãos. Isso permite-nos ver até que ponto essa alquimia é elaborada e se explica pelo fato de que os alimentos “sólidos” são uma forma de energia “pesada”, densa, complexa para ser transformada e que necessita, por conseguinte, de operações e de níveis de transformação múltiplos. É por isso que, antes de poder passar para o sangue, as substâncias nutritivas transitam por um certo número de recetáculos e recebem um certo número de aditivos (nosso estômago chega mesmo a produzir ácido clorídrico) que vão dissolvê-las. O sistema digestivo é composto pela boca, pelo esófago, pelo estômago, pelo fígado, pela vesícula biliar, pelo baço, pelo pâncreas, pelo intestino delgado e pelo intestino grosso. Como a boca tem um papel e significado bem particulares, iremos falar sobre ela noutro artigo.

Os males do sistema digestivo

Os males do sistema digestivo vão falar-nos da nossa dificuldade para engolir, para digerir, para assimilar o que acontece na nossa vida. “Eu não consegui engolir o que ele me disse”, ou então “Nunca consegui digerir muito bem o que você fez”, ou ainda “Estou com essa história aqui, na minha garganta”, são muitas das expressões populares que nos dizem simplesmente isso. De acordo com o órgão digestivo particularmente em questão, há uma precisão sobre a tensão sentida ou sobre a dificuldade para digerir a experiência.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

Para que servem os nossos orgãos?

Para que servem os nossos orgãos?

A Definição do Petit Larousse para a palavra órgão é: “parte do corpo viva que preenche uma função que lhe é própria”.

O corpo humano possui um certo número de órgãos que permitem que ele funcione, que viva, que garantem aquilo que chamo de (sem conotação pejorativa alguma) “a intendência”. Esses órgãos possuem, todos eles, uma função bem definida e integram-se num conjunto, uma cadeia em que eles são os anéis. Estão reunidos em sistemas ao redor da função global de cujo desempenho eles participam.

Há o sistema digestivo, o sistema respiratório, o sistema urinário, o sistema circulatório, o sistema nervoso e o sistema reprodutor.

Em primeiro lugar, vamos ver o papel de cada sistema; em seguida falaremos sobre cada órgão detalhadamente, não sob uma ótica médica, pois tal não é o nosso objetivo, mas simplesmente a fim de expor a função preenchida por cada um deles e de apresentar a significação dos males que os atingem. No entanto, será necessário, para que se possa compreender melhor cada órgão, referir-se à sua representação energética, ao seu meridiano e ao Princípio ao qual ele pertence. Assim, poderemos sempre ligar o órgão ao seu meio psicoenergético.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

O Tronco

O Tronco

É a parte central do corpo, à qual estão ligados os membros que possibilitam a sua locomoção e a sua ação. É também a parte em que se encontram todos os órgãos que asseguram “a intendência”.

O tronco representa a casa do indivíduo e é nele que estão reunidos todos os órgãos “funcionais”, sendo que o órgão “da decisão” está localizado abaixo dele.

Ele constitui o eixo do corpo, a central motriz que produz e distribui energia. É nele que acontece a alquimia humana.

Assim como o tronco da árvore, é a parte mais imponente porém a menos móvel e a menos flexível. Ele contém todos os órgãos funcionais e a coluna vertebral e é através desses órgãos que ele se exprime e que permite que as eventuais tensões se manifestem.

Vamos evocar o papel de cada um deles e tentar ligá-los à sua representação psicológica.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

A nuca

nuca

A nuca

É a parte que se situa entre a cabeça e o resto do corpo. É ela que faz a junção entre o cérebro e os seus executantes, que vêm a ser os braços e as pernas. A partir do plexo cervical que se situa na sua base, todas as vontades e as decisões de ação ou de relação vão ser enviadas em direção ao órgão ou ao membro mais adaptado para a sua realização. Logo, a nuca é um lugar onde os desejos ou as vontades ainda não emergiram, não começaram a aparecer e nem deram início ao gesto físico.

Eles ainda não tiveram ligação com o mundo exterior. Assim sendo, a nuca representa o ponto de passagem do conceitual (cérebro, ideias, conceitos, desejos, vontades, querer etc.) para o real (ação, realização, relação, expressão etc.).

Os males da nuca

As tensões, os sofrimentos ou o bloqueio da nuca exprimem a nossa dificuldade ou a nossa incapacidade para fazer com que desejos, ideias, conceitos, vontades etc. passem para o real. No entanto, ao contrário da tensão dos ombros, que significa globalmente a mesma coisa, no caso da nuca, estamos no estágio em que as coisas não chegaram “à porta” da passagem ao ato. Isso significa que não podemos fazê-las passar para o real, porque achamos que não somos capazes. A incapacitação é de nossa responsabilidade, ao passo que, quando se trata do bloqueio nos ombros, presume-se que ela venha dos outros, do mundo exterior. A irradiação na direção de um dos ombros que pode existir paralelamente nos dará uma indicação a mais – a da simbólica Yin ou Yang – cuja imagem interior nos faz pensar que não somos capazes.

Que eu possa me lembrar, o caso mais clássico e mais simples é o do torcicolo. Essa tensão na nunca tem um efeito físico direto que nos impede, às vezes à custa de muita dor, de virar a cabeça tanto para a direita como para a esquerda. Ora, qual é a significado universal do gesto de virar a cabeça para a direita e para a esquerda? Em todas as culturas do mundo, esse movimento quer dizer “não”.

É o sinal da discordância, da recusa, da não-aceitação em relação ao que acontece ou ao que o outro diz ou faz. O torcicolo nos impede de fazer esse gesto. Ele demonstra a nossa incapacidade para dizer “não” a alguém ou a uma situação. Achamos que não temos o direito, a possibilidade ou a capacidade de fazê-lo.

Esse exemplo me faz pensar em Bernard, executivo de uma grande empresa francesa de distribuição, que assistia a um dos meus seminários de empresa sobre a Dinâmica das Relações. Esse homem sofria de um torcicolo comprometedor havia três dias. Eu lhe perguntei então se ele vivia alguma situação à qual gostaria de dizer “não”, coisa que se recusava a fazer pois achava que não podia ou que não tinha o direito de fazer. Antes de tudo, ele ficou desconcertado. No entanto, refletiu por alguns instantes e depois reconheceu, para o seu próprio espanto, que vivia, na realidade, uma situação profissional desse tipo.

O presidente geral do seu grupo, do qual ele era um dos principais representantes regionais, tinha uma mania que considerava muito importante: a de organizar reuniões de prestígio para os seus executivos, que o Bernard chamava de “longa missa”. Na sua opinião, essas reuniões, que duravam de um a três dias, não acrescentavam grande coisa, a não ser fazer com que ele perdesse tempo enquanto havia muito a fazer in loco.

No entanto, não havia como recusar, dizia, senão, corria o risco de ser “desagradável”, de que a recusa fosse mal “recebida”. Ora, ele acabara de saber, três dias antes do seminário, que uma nova “longa missa” devia acontecer no mês seguinte, período em que ele normalmente estaria nas lojas da província pelas quais era responsável. Ele soube da novidade na segunda à noite e, na terça de manhã, acordou com um torcicolo que ainda o bloqueava na quinta durante o seminário. Ele decidiu então refletir sobre uma maneira de exprimir a sua discordância com a sua hierarquia, ou então, em caso contrário, de aceitar essas “longas missas”.

Podemos ilustrar e fazer um resumo dos grandes eixos da parte “alta” do nosso corpo – nossos braços, nossos ombros e nossa nuca – no esquema que se segue. Ele possibilita uma visualização simples do que se passa e como se passa.

Cada vez que temos tensões na parte superior do nosso corpo, elas são um sinal de que, na nossa relação com a ação (desejo, vontade, impossibilidade, incapacidade, medo etc.) ou com o poder sobre as coisas e sobre os seres, vivemos uma tensão equivalente. Essa tensão está ligada ou à nossa suposta incapacidade (nuca), ou a uma incapacidade vinda do exterior (ombro). Estamos diante de algo que não podemos, não sabemos ou não chegamos a fazer.

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

O antebraço, o cúbito e o rádio

O antebraço, o cúbito e o rádio

Eles se situam entre o cotovelo e o punho. Vimos que o cotovelo representa a barreira da Aceitação e que o punho é, por sua vez, a barreira da Implicação, no sentido da Escolha (e não da Decisão, como acontece com o tornozelo).

O antebraço é a primeira etapa de passagem das vontades de ação no mundo das realizações. Quando queremos fazer (ou que aconteça) alguma coisa atingir as nossas memórias profundas (Não- Consciente) e que a aceitamos (cotovelo), devemos então escolher e fazer aquilo que vai possibilitar a sua realização.

Se essa realização for difícil porque encontramos, por exemplo, dificuldade para nos decidirmos quanto aos meios, vamos desenvolver tensões, sofrimentos, cãibras nos nossos antebraços, até mesmo fraturas do cúbito e/ou do rádio, em geral perto dos punhos.

Estamos no lugar do corpo que precede ou se segue à mão e o punho, de acordo com o sentido da circulação das energias que escolhemos (Densificação ou Libertação). Logo, essa pode ser a fase de passagem das coisas do Não-Consciente para o Consciente (sentido cotovelo – mão).

Então estamos no processo de Densificação, no momento que se segue à Aceitação consciente e que precede a integração deles ao real (punho, mão) através do fazer. Porém também pode se tratar da passagem do Consciente para o Não-Consciente (sentido mão-cotovelo). Estamos, nesse caso, no processo de Libertação, no momento que precede a Aceitação não-consciente e que se segue à passagem para o real.

Os males do antebraço, do cúbito e do rádio

Eles vão nos falar da nossa dificuldade para aceitar as ações ou manobras que a nossa vivência pode nos levar a encontrar ou fazer na nossa vida.

A nossa dificuldade para escolher ou para nos oferecer meios de agir novos, diferentes do hábito e da certeza pode se manifestar através de uma dor nessa região do braço, e chegar até mesmo à fratura.

Ela produz-se quando a tensão é forte demais e os nossos bloqueios em relação à ação ou à escolha estão muito enraizados, enrijecidos, para não dizer fossilizados, que não admitem a “torção” (obrigação de mudança) imposta pelo exterior.

Então é o cúbito ou o rádio, até mesmo os dois, que “rompem”. Porém, a simples “rigidez” do antebraço já significa que temos dificuldade para “movimentar”, para dar ao punho e à mão a possibilidade de fazer o seu papel de mobilidade, de potencial de mudança de modo ou de tipo de ação na vida.

Se a tensão se manifestar no antebraço esquerdo, ela está relacionada com a dinâmica Yang (pai), e quando se manifestar no antebraço direito, está relacionada com a dinâmica Yin (materna).

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul

O braço (bíceps e úmero)

O braço (bíceps e úmero)

Ele está localizado entre o ombro e o cotovelo. Um relato mais detalhado sobre o que essas duas articulações representam já foi feito anteriormente. Lembremo-nos simplesmente que o ombro e a omoplata são a representação da relação não-consciente com a ação. Eles representam a passagem depois da porta do Não-Consciente, que chamo de porta da Integração, o ponto de emergência, o ressurgimento do nosso Não-Consciente na sua relação com a ação sobre o mundo e os seres (logo nós mesmos).

O cotovelo é, por sua vez, a porta, a barreira da Aceitação. O braço, disposto em volta do úmero, encontra-se entre os dois e une-os. Logo, ele representa a projeção da fase de passagem das vontades, ou desejos de ação, do Não-Consciente para o Consciente. Estamos então no processo de Densificação, no momento que precede a Aceitação consciente. Porém, também pode se tratar da passagem do Consciente para o Não-Consciente. Estamos então no processo de Libertação, no momento que segue à sua Aceitação consciente e que precede a não consciente.

Os males do braço

As tensões sentidas no braço (pontos dolorosos, cãibras, nevralgias braquiais etc.) são a manifestação da dificuldade para agir que a pessoa experimenta. As memórias ou feridas inconscientes profundas de um indivíduo em relação à sua capacidade de ação que vêm à tona e que este se recusar a aceitar vão se manifestar através do sofrimento no braço, até mesmo de fraturas no úmero, quando a lembrança, a memória que vem à superfície é forte demais ou quando ela transtorna a estrutura (osso) das crenças pessoais ou das escolhas de vida da pessoa. Fracasso pessoal, impossibilidade de realizar alguma coisa profissionalmente ou no âmbito da família, medo em relação à ação ou às suas consequências -eles vão escolher, se preciso for, exprimir-se através das dores ou dos traumatismos nos braços.

Podemos estar diante de vivências e de experiências de ações que o indivíduo aceitou no seu Consciente, no seu mental, mas que não pode ou ainda não está pronto para aceitar dentro de si. Esse pode ser o caso de alguém que teve de ceder a respeito de alguma que considerava importante para si (projeto, realização técnica, promoção etc.) e que ele compreendeu e aceitou. No entanto, bem no fundo de si mesmo, essa pessoa não o aceita. Apesar de todas as razões lógicas que fizeram com que compreendesse as coisas, ele recusa- se a integrá-las. Se a dor ou o traumatismo se localizar no úmero, isso significa que a tensão está ligada à estrutura profunda, às crenças e aos valores inconscientes da pessoa em relação aos seus atos. Se, por outro lado, ela se localizar no braço, nos músculos, estamos diante de uma manifestação menos “grave”, pois menos enraizada na estrutura.

Se a tensão, a dor ou a fratura for no braço direito, vai se tratar de alguma coisa relacionada ao Yin, a simbólica materna, e todas as suas representações. Se, pelo contrário, a tensão, a dor ou a fratura for no braço esquerdo, será algo relacionado ao Yang, a simbólica paterna, e todas as suas representações. Vou retomar aqui o exemplo do Hervé que já citei anteriormente no parágrafo dedicado ao cotovelo. A tensão profissional que ele vivia se exprimia claramente nos seus braços, nos seus ombros e nos seus cotovelos. Evidentemente, ele achava que não podia agir ou que as coisas não aconteciam como gostaria, por causa do mundo exterior (ombros). Ele o sabia e compreendia as razões inconscientemente (braço), porém encontrava dificuldade para aceitá-las ou para admiti-las, até mesmo para simplesmente reconhecê-las (cotovelos), provavelmente porque achava que a situação era injusta ou injustificável em relação a ele. Logo, essa situação não podia ser admitida conscientemente e a energia ficava bloqueada deste lado dos cotovelos…

Do Livro Diga-me onde dói e eu te direi por quê de Michael Odoul