Compreender de que modo se pode degradar o terreno é darmo-nos conta de que ele depende em grande parte de tudo quanto é exterior para se constituir e renovar. As substâncias nutritivas contidas nos alimentos servem para a formação das células e dos líquidos orgânicos. A elas se deve o funcionamento do nosso corpo.
Se a quantidade de alimentos que ingerimos é superior às necessidades do organismo, este encontrar-se-á com uma sobrecarga de substâncias que não será capaz de utilizar. Obrigado a armazená-las, acumulando-as nos tecidos. Os alimentos podem, também, conter substâncias químicas ou sintéticas (corantes, conservantes, etc.). Como a natureza não previu qualquer utilização para elas, estas substâncias mais ou menos tóxicas ficam retidas nos tecidos e, por conseguinte, modificam o terreno de acordo com as suas características.
Mesmo quando a alimentação é adequada, os resíduos podem acumular-se no corpo. Isto acontece sempre que as preocupações, os medos, o stress, etc., causam perturbações no metabolismo. Nesses casos, a digestão efectua-se mal e os alimentos dão lugar a uma enorme quantidade de resíduos.
Todas as substâncias, tóxicas ou não, que se encontram em excesso no meio humoral impedem o correcto funcionamento do organismo e são consideradas a causa principal da degradação do terreno, dando, portanto, oportunidade a que surjam as doenças.
A sobrecarga de resíduos no organismo pode também ser causada por má metabolização e má utilização das substâncias alimentares, devido à falta de actividade física e à suboxigenação que dela deriva.
Por outro lado, é possível que se verifique um mau funcionamento dos órgãos destinados à eliminação das toxinas, obrigando o corpo, consequentemente, a conservar os resíduos nos seus tecidos.
Embora de forma ínfima, a actividade das células também produz resíduos. No entanto, quando estas estão doentes existe uma situação de perigo. Neste caso, poderão expelir resíduos muito tóxicos que, progressivamente, vão envenenando o organismo. Os factores que originam a contaminação humoral e a degradação do terreno são múltiplos, mas, em todos os casos, trata-se de resíduos constituídos pela ingestão de alimentos mal metabolizados. É por este motivo que a higiene de vida e, sobretudo, a higiene alimentar, é tão importante.
Em conformidade com os alimentos, as bebidas, os medicamentos e os excitantes que consumimos, degradamos o nosso corpo ou, pelo contrário, conservamo-lo são e resistente.
Existe outra causa importante de degradação do terreno, ocasionada não por um excesso no organismo mas por uma deficiência.
As carências ocorrem na falta de substâncias nutritivas indispensáveis para a construção e funcionamento do organismo. A composição do meio interior só se mantém desde que este receba os elementos necessários. Se a quantidade de um deles for insuficiente, imediatamente diminuirá o funcionamento orgânico. Quando esse elemento faltar por completo, as funções que dele dependem deixarão de estar asseguradas. O estado prolongado de carência poderá conduzir à morte. Nas nossas sociedades, em que reina a abundância, parece difícil adoecer-se devido a carências alimentares; mas, na realidade, isso é absolutamente possível e até muito fácil. Os alimentos actuais proporcionam-nos cada vez menos os elementos de que o nosso organismo necessita, uma vez que eles próprios sofrem de carências, devido aos métodos de cultivo e criação, assim como aos múltiplos processos de refinação por que passam (limpeza dos cereais, refinação dos azeites, do açúcar, etc.).
Outra causa de carência reside na destruição dos nutrientes por parte das substâncias químicas contidas nos alimentos ou medicamentos, substâncias que actuam como antivitaminas ou inibidoras dos oligoelementos. Regimes unilaterais, dos quais estão excluídos sistematicamente certos alimentos, contribuem também para produzir carências devido à falta de variedade nas ingestões.
Quando as carências se prolongam, o que ocorre quando os costumes alimentares desfavoráveis se mantêm, produzem-se modificações importantes na composição dos humores e um enfraquecimento progressivos e insidioso das resistências do organismo. Para além disso, e por causa da interdependência de todos os elementos nutritivos para a sua boa utilização, a falta de uma substância origina, numa reacção em cadeia, toda uma série de carências.
Um organismo carenciado funciona pior e elimina pior, pelo que a percentagem de sobrecarga aumenta
Um organismo carenciado funciona pior e elimina pior, pelo que a percentagem de sobrecarga aumenta.
A doença surge, pois, quando o terreno está sobrecarregado de resíduos e sofre de carências. O funcionamento do organismo está perturbado e já não consegue defender-se correctamente. Este fenómeno não é tão desconhecido como parece, pois a própria investigação médica se serve dele. Efectivamente, para estudar a acção dos micróbios, ou para experimentar novos remédios, pratica-se a inoculação de micróbios nos animais. Se estes gozam de boa saúde, isto é, se o seu terreno não está carenciado nem se encontra sobrecarregado de resíduos, as infecções não se declaram.
A forma de superar este obstáculo às experiências fala por si mesma: faz-se com que estes animais que gozam de boa saúde se tornem receptivos à agressão microbiana mediante uma degradação “científica” do seu terreno – alimentação carenciada, inadaptada às suas capacidades digestivas, demasiado abundante e cozinhada; ingestão de misturas de medicamentos químicos; provocação de um estado de tensão, encerrando os animais em ambiente obscuro, mantendo-lhes as patas dentro de água fria, etc.
A enfermidade surge quando o organismo está sobrecarregado de toxinas e sofre de carências
O que significa exactamente a palavra saudável?
Esta palavra é por nós usada frequentemente apenas para descrever a ausência de doença: se não sofre de cancro ou de qualquer espécie de doença cardiovascular e nunca faltou ao emprego, então é, com certeza uma pessoa saudável. Mas, sente-se constantemente cansado, abatido, constipa-se frequentemente, incapaz de fazer o quer que seja depois de um dia de trabalho a não ser estender-se em frente do televisor. Mesmo quando tem a intenção de fazer um longo e revigorante passeio a pé.
Se lhe falta energia, alegria e entusiasmo, será que se pode considerar uma pessoa verdadeiramente saudável?
Será saudável, quando sofre de insónias ou sente falta de apetência sexual?
Será saudável sofrer de obesidade ou tensão pré-menstrual?
– A saúde é muito mais que ausências de doença. É uma situação plena de bem-estar.
Saúde é:
– Trabalhar o dia todo e ter energia para tirar o melhor partido de uma saída nocturna.
Do livro Compreender as Doenças Graves de Christopher Vasey, editora Estampa
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