Glossário das Doenças

Distúrbios cardiovasculares
A hereditariedade, o modo de vida e o tipo de alimentação podem predispor às doenças cardiovasculares. Mas estes dois últimos factores também podem ser aproveitados para inverter a tendência.
Os principais distúrbios vasculares são:
– afecções coronárias (isto é, ligadas às artérias coronárias), tais como a angina de peito e o enfarte do miocárdio;
– os acidentes vasculares cerebrais, ou AVC (acidente isquémico ou hemorragia cerebral);
– a insuficiência cardíaca (o coração não consegue bombear o sangue em quantidade suficiente para fornecer o oxigénio de que necessita)
– a hipertensão.
Para informações mais específicas acerca das doenças do coração, consulte as rubricas Acidente vascular cerebral. Angina de peito, Hipertensão, Enfarte do miocárdio, Insuficiência cardíaca.
Nesta parte iremos ver as melhores soluções para tratar os distúrbios cardiovasculares em geral.
Quais são os sintomas?
Ver Acidente vascular cerebral, Angina de peito, Enfarte do miocárdio, Insuficiência cardíaca.
Quais são as causas físicas?
Diversas causas – isoladas ou em combinação – podem ter a sua influência no aparecimento dos principais distúrbios cardiovasculares.
– aterosclerose, isto é, a formação de depósitos de gordura nas artérias, associada a um endurecimento (arteriosclerose);
– taxa elevada de colesterol e de trigliceridos (que são indicadores da aterosclerose);
– hereditariedade;
– hipertensão;
– falta de exercício;
– resistência à insulina (que está associada à diabetes de tipo I e afecta entre 25 e 30% dos não diabéticos).
– tabagismo;
– taxa elevada de homocisteína.
Quais são os factores psicológicos?
—► O stress crónico
Há um tipo de stress que estimula o espírito e a vitalidade. Mas existe também um stress destruidor, que afecta em particular o sistema cardiovascular. Assim:
– Activa o sistema nervoso simpático que, por seu turno, provoca um aperto das artérias, do qual resulta a hipertensão.
– Faz trabalhar o coração mais depressa.
– Aumenta a taxa de colesterol e a necessidade de ácido fólico (uma substância que baixa a taxa de homocisteína).
—► O perfil psicológico
O “tipo A” foi associado a um maior risco de sofrer distúrbios cardiovasculares. Este tipo A puro engloba as características seguintes: agressividade, impaciência, tendência para se estar sempre com pressa, atitude ambiciosa com espírito de competição pronunciado, temperamento vulcânico, necessidade de reconhecimento e de responsabilidade, dificuldade em delegar ou em deixar o trabalho, palavras marteladas, insensibilidade à lógica, etc. No entanto, o facto de se ser apreçado ou de ter espírito de competição não é nocivo em si. São as componentes de hostilidade e de raiva que fazem aumentar os riscos de vir a tornar-se vítima de uma crise cardíaca ou de sofrer de uma doença cardiovascular. E os tipos A puros são muito raros.
—► A falta de comunicação e de expressão emocional
Existe uma ligação estreita entre o coração físico e o coração afectivo. Muitas vezes, as doenças coronárias estão enraizadas num sentimento de isolamento profundo, tantas vezes identificado com o que se verifica nas nossas sociedades individualistas. Muitas pessoas “guardam tudo para si próprias”. Este acumular de emoções cria uma tensão enorme que, mais cedo ou mais tarde, se arrisca fortemente a provocar problemas cardíacos.
NOTA: Ver também Enfarte de miocárdio, relativamente à abordagem da biologia total.
Como curar-se mais depressa
Embora continue a recorrer à cirurgia e à medicação, a medicina insiste agora, cada vez mais, na necessidade de mudar radicalmente de hábitos de vida para reduzir os factores de risco. Neste sentido, ela alia-se cada vez mais às medicinas naturais.
Os conselhos que se seguem dizem essencialmente respeito aos distúrbios cardiovasculares associados à aterosclerose e ao excesso de colesterol. (Relativamente à hipertensão, consulte a respectiva rubrica.)
Os melhores expedientes dos médicos
Se o médico for um pouco aberto a outras vias, poderá fazer as recomendações seguintes. Estas medidas não só previnem as doenças cardiovasculares, como também podem igualmente travar a sua progressão e melhorar o estado de saúde do doente.
—► Perca peso
Está claramente demonstrado que a obesidade constitui um factor de risco para as crises cardíacas.
Porém, não confie muito nas curas de emagrecimento sucessivas! Muitas vezes, elas acabam, ao fim e ao cabo, por provocar um aumento progressivo do peso. Além disso, ao que parece, esta má gestão do peso pode revelar-se igualmente perigosa para o coração.
Um estudo recente, realizado pela cardiologista Claire Duveroy, demonstra que as mulheres vítimas do síndroma do io-io ponderal, danificam as células endoteliais que revestem os vasos sanguíneos, o que afecta a circulação sanguínea e, consequentemente, aumenta o risco de crise cardíaca.
Mas isto não quer dizer que seja então preferível viver com excesso de peso. O melhor é eliminar aqueles quilos a mais e empreender as medidas necessárias para nunca mais os recuperar.
—► Não fume
Só por si, o tabaco é o suficiente para aumentar os riscos de doença cardiovascular. Com efeito, ele afecta o sistema cardiovascular de várias maneiras:
– aumenta a pressão arterial,
– acelera a frequência cardíaca,
– diminui a oxigenação,
– favorece a formação de placas de ateroma e de coágulos sanguíneos,
– reduz a taxa de “bom” colesterol. Se não conseguir deixar completamente de fumar, pelo menos reduza drasticamente o consumo. No capítulo 17 poderá encontrar 7 bons truques para deixar de fumar mais facilmente.
—►Pratique exercício físico
Se apresenta já uma hereditariedade desfavorável ou se combina vários factores de risco, a falta de exercício está associada a um maior risco de sofrer de distúrbios cardiovasculares.
Efectivamente, nada como o exercício físico para cuidar do seu coração:
– A prática de uma actividade física durante os tempos livres reduz em 70% a mortalidade total e em 63% os acidentes cardio-vasculares.
– O exercício físico vigoroso permite reduzir a resistência das células à insulina, um outro factor de risco.
– Como mostra um estudo recentemente realizado pelo Dr. William Kraus, da Universidade Duke nos Estados Unidos, o exercício protege as artérias contra os efeitos nocivos do colesterol, actuando ao nível do tamanho e do número de partículas que transportam o colesterol no sangue.
Mas um pouco já é muito!
Segundo um relatório publicado em 1994 por Santé Canada (Data Analysis of Fitness and Performance Capacity), “um aumento, ainda que mínimo, do nível de actividade física na população teria uma influência muito maior sobre a prevenção das doenças cardiovasculares do que a diminuição do número de hipertensos, de fumadores ou de indivíduos com uma taxa de colesterol elevada “.
—► Não beba demasiadas bebidas à base de cafeína
Em grandes doses, a cafeína apresenta várias acções nefastas para o coração:
– Pode contribuir para elevar a taxa de homocisteína (ver acima), bem como a tensão arterial.
– Obriga o coração a trabalhar mais intensamente e impede-o de relaxar.
Neste sentido, o chá parece ser preferível ao café. Um estudo sobre o chá preto indica que este poderá mesmo reduzir os riscos de crises cardíacas. Ver Enfarte de miocárdio.
Os melhores alimentos
Está actualmente confirmado que uma dieta alimentar adaptada pode, geralmente, ajudar a reduzir e a prevenir o excesso de colesterol e a aterosclerose.
—► Aumente o consumo de alimentos ricos em omega-3 (ácido alfalinoleico)
O salmão, as sardinhas ou as sementes de linhaça, nomeadamente, estão incluídos nesta categoria de alimentos que a investigação associa a uma redução do risco de vir a sofrer um problema coronário ou de morrer devido a ele.
Por conseguinte:
– Para reduzir os riscos de morrer de um distúrbio cardiovascular, consuma peixe pelo menos uma vez por semana.
– Em caso de colesterol elevado ou de doença cardíaca, tome um suplemento de óleo de peixe de excelente qualidade.
De referir ainda que:
– as nozes são ricas em ácidos gordos omega-3 e omega-6;
– o azeite pode reduzir, de forma significativa, a taxa de mau colesterol (LDL).
—► Reduza o consumo de “gorduras nefastas “
- Trata-se, nomeadamente, de evitar os alimentos mais ricos em gorduras saturadas: manteiga, natas, queijo, leite, carnes vermelhas. Uma boa maneira de reconhecer estas gorduras saturadas é o facto de, geralmente, solidificarem a temperaturas baixas.
- Fuja igualmente dos seguintes produtos: alimentos ricos em ácidos gordos saturados, margarinas, todos os óleos parcialmente hidrogenados, bem como qualquer alimento que possa conter ácidos gordos trans (como os alimentos fritos). Reduza, portanto, ao mínimo o consumo de batatas fritas, bolachas, pipocas ou qualquer outro tipo de “petiscos”.
—► Aumente o consumo de alimentos ricos em “bons” glícidos, mas pobres em “maus”glícidos
Vários estudos tendem a demonstrar que existe uma ligação entre o consumo de glícidos rápidos (os maus açúcares) e as doenças cardiovasculares. Neste sentido, opte então por massas, pão e arroz integrais sem ser na versão refinada e evite o açúcar refinado, os bolos e os doces.
—► Procure os alimentos ricos em anti-oxidantes
Os estudos indicam que as carências em vitaminas C e E estão especialmente associadas aos distúrbios cardiovasculares.
Quanto à vitamina C, veja Acidente vascular cerebral. Quanto à vitamina E, veja Enfarte do miocárdio.
—► Beba moderadamente bebidas alcoólicas … mas beba!
O álcool – mais particularmente o vinho tinto – parece ser eficaz na prevenção da aterosclerose, das doenças coronárias e do enfarte do miocárdio.
Um ou dois consumos (vinho, etc.) por dia poderão reduzir aproximadamente 30 a 50% o risco de sofrer uma doença coronária.
De referir, no entanto:
– que não se deve beber em excesso, já que o álcool produzirá então o efeito contrário;
– que o consumo de bebidas alcoólicas não permite melhorar o estado de saúde nem reduzir o risco de mortalidade numa pessoa que já sofra de uma doença cardiovascular.
Aliás, segundo certas opiniões, o consumo de sumo de uva ou de uvas frescas terá o mesmo efeito positivo.
Saiba distinguir entre bom e mau colesterol
O colesterol desempenha um papel crucial e útil no organismo. No entanto, é
necessário estabelecer bem a diferença entre os 2 tipos de colesterol:
– O HDL ou “high density lipoproteins”, mais vulgarmente designado como “bom colesterol”, que permite eliminar a gordura das artérias e drenar o resultado do seu trabalho até ao fígado, onde será reprocessado.
– o LDL ou “low density lipoproteins” ou “mau colesterol”, que se deposita em placas sobre as paredes das artérias e, a longo prazo, pode impedir a passagem do sangue.
É sobretudo a produção excessiva desta segunda forma de colesterol que coloca verdadeiramente um risco cardiovascular. No entanto, uma taxa muito elevada de colesterol total (LDL e HDL) é igualmente de evitar. Para evitar ou tratar os distúrbios cardiovasculares, deve, portanto, encontrar simultaneamente um equilíbrio satisfatório entre LDL e HDL, bem como uma taxa moderada de colesterol total.
A melhor planta
Pode utilizar o alho (Allium sativum) para fins preventivos, bem como curativos. Certos estudos levam a pensar que o alho poderá ser eficaz na prevenção dos problemas vasculares e da aterosclerose relacionados com a idade.
Pode também utilizá-lo com fins curativos.
Os médicos recomendam, frequentemente, o uso de alho fresco para baixar a taxa de colesterol. De facto, segundo a maioria dos estudos, o alho seria eficaz para reduzir a taxa de colesterol total, de LDL e de trigliceridos.
Utilização:
– Para os extractos: Tome 600 a 1000 mg, repartidos por 3 doses diárias. Na maior parte dos estudos favoráveis foram utilizados extractos estandardizados contendo 1,3% de aliina. De notar que uma dose diária de 900 mg, tomada durante 4 anos, parece retardar o desenvolvimento da aterosclerose.
– Para o alho fresco: Consuma 4 g (cerca de um dente de alho), uma vez por dia.
Os melhores suplementos
—► Vitaminas B6, B9 (ácido fálico) e B12
O consumo destas 3 vitaminas permite baixar a taxa de homocisteína.
Utilização: Embora existam vitaminas do complexo B nas multivitaminas, as doses fornecidas poderão não ser suficientes quando se tem uma taxa elevada de homocisteína (um factor de risco). Neste caso, utilize doses superiores destas 3 vitaminas e controle a taxa de homocisteína de 6 em 6 meses, depois de ter tomado suplementos.
—► Vitaminas C e E
A administração combinada de suplementos de vitaminas C e E parece poder retardar a progressão da aterosclerose da artéria carótida no homem. Num estudo controlado recente, esta combinação pareceu ser benéfica, tanto nos homens fumadores como nos não fumadores.
Segundo os autores do estudo, os resultados observados levam a pensar que esta abordagem poderá, eventualmente, revelar-se válida para outras complicações associadas à aterosclerose.
Utilização:
No decorrer deste estudo, os participantes tomaram as doses seguintes, à razão de 2 vezes por dia, durante 3 anos:
– 250 mg de vitamina C de libertação prolongada combinada;
– 91 mg ( 136 UI) de vitamina E.
Como sugere um recente estudo prospectivo, o uso combinado de vitaminas C e E poderia reduzir a progressão prematura da arteriosclerose coronaria associada aos transplantes cardíacos.
Uma vez que os transplantes cardíacos geram um stress de oxidação que pode favorecer o desenvolvimento de arteriosclerose coronária acelerada, os investigadores em causa estudaram o uso de produtos anti-oxidantes, como as vitaminas C e E.
Utilização:
Neste segundo estudo citado, os indivíduos tomaram as doses seguintes, à razão de 2 vezes por dia, durante um ano:
– 500 mg de vitamina C;
– 400 UI de vitamina E.
Outras boas alternativas
—► Acupunctura
Como sugerem vários estudos controlados, a acupunctura poderá ajudar a tratar vários distúrbios cardiovasculares.
—► Homeopatia
Pode contribuir para tratar diversos distúrbios cardiovasculares: ansiedade sentida na região do coração, aterosclerose, dores no coração, hipertensão, insuficiência cardíaca, palpitações, etc. Consulte um médico homeopata.
—►Ioga
Seja através de uma técnica respiratória ou da prática das famosas posturas, o ioga constitui um dos melhores instrumentos para tratar as doenças do coração.
—► Dieta vegetariana
Combinada com o exercício físico e uma boa gestão do stress, uma dieta vegetariana rigorosa, como a do Dr. Dean Ornish (Life Choice Diet) poderá fazer regredir a aterosclerose.
Esta dieta compreende apenas 10% de gorduras. Não só exclui a carne, como também os ovos, os lacticínios e as gorduras de origem animal. Em contrapartida, poderá seguramente obter muito bons resultados.
As melhores soluções psicológicas
—► Primeiras medidas importantes:
– Aprenda uma técnica de relaxamento. É uma etapa incontornável para gerir melhor o stress. Ver o capítulo 37.
– Faça uma boa limpeza emocional. Isto significa, em particular, saber perdoar-se a si próprio e aos outros. A culpabilidade e o ressentimento são importantes fontes de stress crónico.
(Ver os capítulos 18 e 19, bem como a Chave n° 7.)
– Abra o coração. Segundo Dean Ornish (ver acima), a abertura aos outros revela-se uma medida imprescindível para prevenir e fazer regredir a doença coronária. A comunicação ocupa, aliás, um lugar privilegiado num programa de prevenção e de regressão das doenças coronárias que ele empreendeu nos anos 1980.
Para além de cuidarem da sua alimentação, de praticarem exercício, de se dedicarem ao relaxamento, etc, os doentes do Dr. Ornish participam, duas vezes por semana, em sessões de terapia de grupo. Numa atmosfera de cordialidade, os participantes falam de si mesmos, da sua raiva, das suas dores, das suas esperanças frustradas, etc.
Os peitos oprimidos soltam-se, pouco a pouco, a respiração liberta-se, o coração fica aliviado.
—► Em estado de auto-hipnose (ver o capítulo 32), repita uma das afirmações seguintes:
– O meu coração é uma fonte de água viva onde me refresco.
– Um suave calor nasce progressivamente no meu peito para me acalmar.
– Lentamente e de forma segura o meu coração faz o seu trabalho.
—► Experimente igualmente as visualizações seguintes:
Aplique os conselhos de base (ver o capítulo 38) e depois pratique uma destas duas visualizações.
As mãos de luz
- Imagine duas mãos de luz que penetram docemente no seu peito e que se colocam, em cúpula, sobre o seu coração.
- Observe a reacção do coração. Veja como ele se reanima, fazendo o seu trabalho de forma enérgica e calma. Sinta a sua força tranquila.
- Se sente sofrimento, veja como esse sofrimento se derrete como a neve ao sol.
- Visualize as duas mãos a retirarem-se suavemente.
- Abra os olhos.
A seta de dor
- Abra o peito, como se ele tivesse um fecho de correr e tome suavemente o coração na palma da mão.
- Retire todas as setas de dor que o trespassam e deite-as para longe.
- Massaje docemente o coração.
- Volte a colocá-lo no lugar, tão suavemente como o tirou e feche o peito.
- Demore alguns minutos para sentir o coração a bater de forma regular e com vigor. Tome consciência do sangue que corre livremente por todos os vasos sanguíneos do seu corpo.
- Abra os olhos.
Faça ao menos isto:
– Pratique exercício em pequenas doses.
– Modifique a sua alimentação.
– Tome alho.
– Reduza o stress por meio do relaxamento, da auto-hipnose e da visualização.
De Glossário das Doenças, do Livro O FACTOR X – Como curar-se mais depressa, de ROBERT DEHIN & JOCELYNE AUBRY, Publicações Prevenção de Saúde.




