Efeitos Cardioprotectores do Resveratrol
As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte e morbilidade em Portugal, sendo frequentemente causadas pela aterosclerose. A aterosclerose surge como uma consequência de lesões consecutivas sob o endotélio vascular, causadas por uma vasta gama de factores como a exposição ao fumo do tabaco, hipercolesterolémia e hipertensão arterial.
Os danos no endotélio vascular originam múltiplas alterações na estrutura dos vasos sanguíneos e nos componentes do sangue, aumentando o fluxo sanguíneo, recrutamento e fixação de leucócitos e plaquetas, migração de células endoteliais para o lúmen dos vasos e sua deposição de matriz extracelular. Todos estes factores, em conjunto, contribuem para a formação de trombos e, eventual, oclusão de um ou mais vasos.
No âmbito da protecção cardiovascular, a molécula de resveratrol demonstra possuir propriedades bastante promissoras que contribuem para diminuição do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Estudos recentes revelam que, em ratos, é capaz de produzir efeitos cardioprotectores através da atenuação da produção de ERO, melhorando a função endotelial, da inibição de processos inflamatórios e da diminuição da taxa de apoptose endotelial. Além do mais o resveratrol actua sob os mecanismos de agregação plaquetária, possui actividade anti-oxidante, propriedades vasodilatadoras e efeitos benéficos sob os níveis de colesterol e triglicéridos. No que respeita aos mecanismos subjacentes às suas acções protectoras cardiovasculares, estes são inúmeros.
De acordo com estudos publicados acerca da agregação plaquetária, o resveratrol previne a agregação plaquetária, in vitro; bloqueia o aumento da agregação plaquetária, via administração sistémica, em coelhos alimentados com uma dieta rica em colesterol, e reduz não só a área aterosclerótica como também o tamanho dos trombos, em ratos com hipercolesterolémia genética. O mecanismo envolvido neste efeito protector baseia-se na inibição preferencial da COX-1, pelo resveratrol, que por sua vez vai promover o fluxo sanguíneo e diminuir a formação de coágulos. Sob determinadas condições o resveratrol é um inibidor irreversível da COX-1, impedindo as plaquetas de produzir novas proteínas.
Esta situação sugere que uma exposição transitória ao resveratrol poderá ter efeitos duradouros in vivo dado que o tempo médio de vida das plaquetas é cerca de 10 dias. Curiosamente, este mecanismo de acção é o mesmo pelo qual se pensa que o ácido acetilsalicílico possui efeitos cardioprotectores.
Em relação às propriedades vasodilatadoras, a inibição da produção de tromboxanos A2 provocada pela inibição da enzima COX-1, é um dos mecanismos pelo qual o resveratrol é responsável pela vasodilatação. Além do mais, este estimula os canais de potássio activados pelo cálcio, induz as enzimas óxido nítrico sintetase (eNOS e iNOS) e sua distribuição, aumentando a produção de óxido nítrico (propriedades vasodilatadoras). As propriedades anti-oxidantes do resveratrol, vão prevenir a oxidação das LDL e diminuir a expressão de marcadores de stress oxidativo como, p. ex., a albumina glicada no soro e a hidroxiguanosina na urina.
O resveratrol possui ainda capacidade de limitar a acumulação de colesterol pelos macrófagos, reprimir a activação de genes relacionados com a captação de colesterol, diminuir a pressão arterial, reduzir os níveis de endotelina (proteína com propriedades vasoconstritoras), atenuar a adesão dos monócitos às células endoteliais e reduzir os danos no miocárdio provocados por episódios de isquémia.
Estudos recentes evidenciaram, também, que o resveratrol é capaz de induzir a biogénese de mitocôndrias tanto em culturas de células endoteliais como no endotélio de ratos com envelhecimento vascular acelerado.
O facto de o resveratrol ter uma estrutura semelhante com dietilestilbestrol permite classificá-lo como um fitoestrogénio. Este possui na sua estrutura grupos hidroxilo livres e um anel fenólico, que são importantes na ligação ao receptor do estrogénio.
Dadas as vantagens cardioprotectoras atribuídas ao estrogénio, realizaram-se uma série de estudos, que sugerem que alguns dos efeitos protectores cardiovasculares do resveratrol poderão estar relacionados com a modulação do receptor do estrogénio.
Resumindo, muitas e complexas vias estão envolvidas no efeito protector do sistema circulatório pelo resveratrol . Embora se tenha alcançado um progresso significativo na elucidação dos mecanismos celulares activados pelo resveratrol, dos papéis específicos das vias que regulam a função mitocondrial, das defesas e dos mecanismos anti-oxidantes celulares envolvidos no reparo macromolecular, é ainda necessário realizar mais investigação. As suas propriedades conferem protecção contra acidentes cardiovasculares, hipertensão arterial, doença isquémica cardíaca, danos isquémicos durante enfarte agudo do miocárdio e hipercolesterolémia.
Fonte: O RESVERATROL COMO MOLÉCULA ANTI-ENVELHECIMENTO, Andreia Catarina Lopes Alves, Faculdade de Ciências e Tecnologias da Saúde da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, 2015
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